11/01/2008

OvO

Tem dias em que suspeito que a gente engoliu um ovo logo pela manhã e, durante o dia, ele vai se quebrando para dar vida a uma grande maleita. Ao passar das horas, fica cada vez mais calada, inerte, introspectiva. Parece que tem um buraco crescente no estômago, que gera ânsia, agonia, desespero. Dói de um jeito constante, lateja. Quanto mais a gente se cala, mais pensa na melancolia que nos cerca. E rodeia. E grita. E faz chorar.

É uma tristeza sem motivos maiores, sem causas graves. É como se um monte de pequenas coisas se juntassem, tomando a força suficiente para nos abater, nos puxar para baixo. Essa manada de coisas, esse coletivo de eventos miúdos não tem cara, nem nome, nem expressão. Por isso é tão angustiante. Por isso a gente fica mais e mais calada. Um silêncio perturbador nos consome a mente e, quanto mais nos questionamos o motivo para aquilo tudo, mais a tristeza se alastra e ganha força. Mais a gente quer fugir da nossa alma. Coisa esquisita essa.

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