18/09/2012

Susan Miller e os esporros da vida

Não acredito em astrologia, mas baixei o aplicativo da Susan Miller no celular. Vô dizê que o que ela fala está entre o conselho de um irmão mais velho e a bronca de um terapeuta. É meio óbvio, é o bom senso.

Mas a gente se confunde com nossas merdas cotidianas, né? Infelizmente, há quem prefira receber conselhos de um aplicativo do que levar esporro de alguém de verdade.  Espero não estar dentro desse grupo.

Pra quem quiser receber uns toques, de leves, de vez em quando -
www.astrologyzone.com

31/08/2012

A irracionalidade do ser racional

Tem coisas que você realmente gostaria que dessem certo, mas não dão. Apesar de tentar, se dedicar, correr atrás, não gruda. Não dá cola. Não engrena. No trabalho, na amizade, nos planos para o futuro, nas relações amorosas...

E quero falar sobre estas últimas. A gente passa a vida inteira procurando alguém que realmente se preocupe com a gente e, quando encontra uma pessoa de coração e alma abertos, ela não toca nosso coração. Não o faz balançar, tremer e eriçar nossos pelos. E a gente tem que dizer tchau a oportunidades únicas.

Por que será que, racionalmente, procuramos alguém que goste cegamente da gente, se, na prática, estimulamos nossa irracionalidade atrás de pessoas que, invariavelmente, nos machucarão? A gente gosta de viver em frangalhos?

Papo trash esse de pensar que, de repente, estou (ou estamos?) fazendo tudo errado. Pessoa tão emocionalmente independepente também pode perder a cabeça por alguém, não é mesmo? E os inseguros poderão se sentir maduros em relações fortes e duradouras. É certo. Mas será que a sensação de estar com alguém não se confunde com a posse, e isso é o que realmente permeia a maioria das relações? Uátemsomdiú? Setembrochove?

Muitas dúvidas nesse dia. E hoje tem Blue Moon. E em dezembro o mundo vai acabar. Será?

"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém"

28/08/2012

Tudo novo, e sempre velho

Voltei à tona no blog. Espero.

Queria dar nova vida ao caderninho com experiências gastronômicas, mas hoje aconteceu algo que fala muito sobre mim.

Estava assistindo à reprise da novela Que Rei sou eu?, no Viva, e me lembrei do quanto essa novela é super-master-blaster-plus e também do quanto eu gostava dela quanto eu tinha... sete, oito anos. Eu achava sensacional uma novela tirar sarro da situação política do país. Mas nem vou falar sobre a política em ano de eleição, nem sobre quanto estamos chatos-e-burros-e-reacionários em SP. Vou falar sobre o álbum que fiz de Que Rei sou eu?

É... naquela época, a gente comprava álbum para completar com figurinhas. E não era só de futebol. Era de novela também. E essa novela foi tão tão tão boa, que fizeram um álbum dela. E eu tinha. E completei!!! E fui isso que fui procurar hoje, em meus arquivos.

Acontece que, mudando de um lado para outro, perdi meu álbum da novela. Na verdade, perdi em alguma mudança ou perdi aqui em casa. Não achei.

E, procurando o álbum, nesta madrugada de segunda, encontrei muita coisa do que significa ser myself.


O que encontrei - e joguei fora - depois de quase 10 anos vivendo sozinha:

1. boleto de taxa de lixo de 2003
2. lembrete de ações que deveria resgatar em 2002
3. IPVA de 2004/2005/2006/2007
4. manual de uma geladeira que nem está mais comigo
5. nota de um celular Siemens de 2003
6. nota e garantia de serviço do carro em 2000
7. comprovante do IR de 2003
8. manual de um aparelho de DVD que doei a uma amiga queridíssima, e faz tanto tempo que nem sei se ela o tem...
9. recado fofo de uma prima querida na nota do DVD acima
10. manual de um videocassete que ainda mantenho no armário
11. documentação do seguro do meu carro de 2006 e 2007

Acho que devo jogar tudo isso no lixo (a não ser pelo recado da minha prima), porque essas coisas ocupam espaço.

Quanto papel!!! Podia ter não jogado o álbum do  Que Rei sou eu? em vez de guardar tanta porcaria. E isso fica para a vida inteira. :)

04/11/2011

"Gosto de homens que se vestem de forma natural"


Outro dia estava com muuuito sono – essa praga tem me atacado no fim da tarde. E às vezes salta para a noite e me deixa completamente bêbada de sono. É nesse estadinho que eu estava assistindo a algum programa de gastronomia (pra variar) no Glitz. Estava com preguiça de ir para a cama, mas caindo de sono. Então, na hora do intervalo, fechava os olhos para ficar de preguicinha. Foi assim que escutei: "Eu gosto de homens que se vestem de forma natural", ou "de um jeito natural" – algo assim. Não deu tempo de abrir os olhos para saber quem falou tamanha abobrinha, mas imaginei várias coisas:

= homem nu (ou seja, não se veste)
= Adão, com apenas uma folha de uva para cobrir as vergonhas
= vive na praia e só usa sunga, camiseta e chinelo
= aquele que só se veste com fibras naturais
= homem que não penteia o cabelo nem faz a barba
= quem abre o guarda-roupa e pega a primeira roupa que vir, sem ligar para a combinação
= homem que já nasceu engomado e continuará assim para a eternidade

...

Que raios ela quis dizer com "natural"?? Presumindo que cada homem tem seu próprio ar "natural", esse conceito é totalmente flexível. Cada uma...

01/11/2011

O dia em que sonhei com Inception

Eu deitei no sofá da sala, liguei a TV e capotei. Aí eu acordei com um amigo do meu lado. "Como assim você aqui?", eu perguntei. "Pois é, você não lembra?", ele disse. "Claro que não. Eu vim dormir sozinha, como você veio parar aqui?". "Não sei", ele respondeu. E assim começou um dos sonhos mais loucos que eu já tive.

Olhei em volta e o sofá estava do lado oposto da sala. Era como se a minha casa estivesse invertida. Eu não estava entendendo nada, tentei trocar umas palavras com meu amigo para desvendar o mistério, mas o sono me rendeu. Estava com aquela sensação de quem está bêbada. E dormi de novo. "Depois eu resolvo essa com meu amigo", pensei. Aí acordei novamente. O sofá continuava no mesmo lugar (errado). "Tô sonhando de novo", pensei. Agora, meu apartamento estava no primeiro andar. Então amigos começaram a me visitar, minha casa ficou cheia. E tinha uma maluca lá fora que ficava abrindo a janela da sala – havia uma espécie de marquise onde a mina podia subir e alcançar o primeiro andar. Lá em casa tem uns janelões, dá para entrar uma manada por ela. Fiquei morrendo de medo, e a doida não parava de abrir a janela. Eu tentava travar, com um trinco, mas não adiantava. Aí ela começou a abrir a janela do meu quarto, que é o cômodo ao lado. E eu ficava da sala para o quarto, do quarto para a sala, tentando fechar o que ela abria. Não consegui. A mina pulou para dentro da minha casa, e, com ela, uma horda de pessoas que jamais vi. E eu fiquei maluca! "Ai, para de sonhar!!!". Sonhando, em meio a um pesadelo, tinha consciência do meu sonho.

Aí, de repente eu estava em uma casa (um sobrado), que era a minha casa. E havia muitas pessoas na rua, e eu queria sair, dar um rolê. Fechei a porta de vidro de correr, e caminhei em direção à varanda. Uma casa que eu nunca vi na vida real, mas era minha. Só que aquelas pessoas entraram pelo portão, e não me deixavam fechar a porta... e, mais uma vez, eu fiquei com medo. "Vão invadir minha casa!!", pensava, neurótica. E então chegaram alguns amigos que me tiraram dali.

E suspirei aliviada. "Acho que eu acordei, agora está tudo bem. Que sonho louco eu tive", comentei com eles. Era um amigo e uma amiga, e estávamos no carro dele. Literalmente fugimos do "ataque" à casa. Só que estávamos andando por uma rua que, teoricamente, era em São Paulo. Então fizemos a curva e, de uma hora para outra, passeávamos por uma estradinha ao lado de um despenhadeiro com uma vista lindíssima para o mar. "Não, não pode ser. Ainda estou sonhando. Se estamos em São Paulo, não pode ter mar", disse em voz alta. Então meu amigo soltou essa: "Se segurem porque eu vou jogar o carro no mar. E, com o tranco da queda, você acorda e fica tudo bem". Alguém aqui assistiu Inception? Exatamente igual ao filme. Jisuis!

Só que... o carro caiu no mar, não explodiu nem nada, nós não morremos e ainda saímos molhados, como se tivéssemos dado um mergulho. Então a paisagem mudou e eu estava dentro de um restaurante, uma espécie de adega, que vendia umas tapas espanholas e uns bolos caseiros. E um monte de amigos, como se fosse uma festinha.

E o sonho terminou na mesa do bar.

05/10/2011

Correio gastronômico e balada hospitalar

Correio gastronômico

Tenho um amigo que diz: "só recebo contas pelo correio, nunca mais recebi cartas de amor...". Além das contas, recebo mala direta, multas, pedidos de doação e cardápios de restaurante delivery.

Antes de ontem abri minha caixa de correspondências e tinha lá: conta de luz, de gás, condomínio, extrato bancário, cartão de crédito com promoção de "faça 3 compras e ganha 30 reais" (esse aí até que é bom) e cardápios dentro de envelopes. Dentro-de-envelopes, e não aqueles que os porteiros colocam no meio da correspondência... Pizzaria Bella Napoli, padaria St Etienne (com um incrível "Faça sua festa Aqui!"), China in Box e uns outros que eu joguei fora antes de abrir a porta de casa. O melhor: o China in Box me enviou uma RASPADINHA, tipo aquelas de loteria, sabe? (olha na foto!) Ganhei uma porção de rolinho primavera, se eu fizer uma compra acima de 30 reais. Ou seja, mesma coisa que aqueles papeizinhos de "destaque aqui"...

A única conclusão que eu posso tirar: quanto gasto de papel!


Balada hospitalar

Ela apareceu em novembro de 2002. Veio na surdina e foi ganhando tamanho, forma... até que eu fui ao gastro e ele decretou que eu estava com gastrite. Ano passado ela apareceu novamente, safadinha, nem avisa quando vem. Neste ano, estou fazendo sua cama há uns dois meses e, nas últimas duas semanas, ela deu para fazer estripulias, chamar atenção. A gastrite certamente está de volta e dessa vez veio com o gás de um adolescente que sai para a balada.

Com menos energia, fui ao hospital ontem. Estava com uma dor generalizada mesmo, diferente das dores que tive até então. Vai que tem um monstro nascendo dentro de mim? Tomei medicação na veia, dois remédios. Esse negócio dói pracarai. Pior ainda é ficar com o soro dependurado sobre sua cabeça, e com aquela agulha grossa perfurando sua veia!!!! No meio da medicação, me colocaram numa cadeira de rodas para fazer raio-x. Eu nunca tinha andado em uma cadeira de rodas, fiquei meio incomodada. Entrei na sala para fazer a chapa da minha barriguinha, e começaram as dificuldades.

1) A noite estava fria, eu estava com uma blusa de manga comprida. Só que não podia ficar de sutiã no raio-x. Detalhe: estava com a medicação enfiada no meu braço... Como tirar um sutiã sem tirar a blusa e sem estourar minha veia? O técnico do raio-x me ajudou e foi mestre. Deve estar acostumado.

2) Despida de sutião, é hora de colocar aqueles aventais com buraco pra trás. A medicação mais uma vez me traiu. Passa o braço pra cá, o avental pra lá, a bolsa de soro pra cá... aí o sangue começou a escorrer pela magueirinha, afe! Eu tenho pavor de sangue!!

3) Não contente com isso, ainda tive que abaixar minha calça até o joelho para fazer o raio-x. Agora, visualize a situação: bolsa de soro conectada com sua veia por uma maldita agulha que só faz doer; avental de bunda de fora e ter que, com uma mão, por baixo do avental, desabotoar a calça e abaixá-la. WHAT? Sério, vou desenhar para vocês.


4) Depois de tirar o raio-x em pé, a máquina começou a se mexer, para eu ficar deitada. Parecia uma experiência mezzo parque de diversões mezzo espacial. Deu medo, parecia que a máquina deitaria demais e eu cairia pra trás... e a agulha estouraria minha pele. Que aflição!

E foi assim que terminei a minha balada hospitalar. O que melhor eu poderia fazer numa terça-feira de madrugada, né?

30/09/2011

Eu literalmente bati com a cara na porta. E doeu


Boa tarde para você que bateu com a cara na porta de vidro! Eeeeeeeeeee

Essa semana eu tenho me batido bastante. Os tradicionais roxos estão dominando meu corpo novamente! Aconteceram dois episódios pelos quais só uma palhaça estabanada consegue passar. Primeiro eu fechei a janela no meu dedão, que está roxo e ficou doendo durante dois dias.

Ontem eu fiz o "infazível". Tinha certeza de que a porta de vidro era "pra lá" e quis entrar por "cá". E foi inevitável: porrada na cara. Eu nunca me senti tão ridícula em toda minha vida. Além da bochecha esquerda, ainda tive a manha de bater o joelho direito. Na porta. De vidro. PUUUUTA barulho, escutaram até no décimo andar, certeza. E uma PUUUUTA dor, na cara, no joelho. Ficou uma bola vermelha no meu rosto, que, graças a uma sorte que eu ainda não sei da onde veio, não evoluiu para o roxo. Imagina só? O rosto roxo, depois verde, e amarelo... Já chega quando eu tirei meu siso e todo mundo perguntava se eu tinha passado caneta marca texto no rosto...

Eu sempre usei a expressão "dar de cara na porta". Agora, depois dessa experiência humilhante, nerver more, Lenore. É pior do que cair no meio da rua, escorregar com um monte de sacola na mão, tropeçar quando está correndo para pegar o busão... Os Trapalhões ficaram no chinelo.

27/09/2011

Ana congelada

Ana estava segura, parada na margem do lago congelado. Olhava a paisagem com um olhar doce, confortável. E alguém lhe deu a mão, como quem não quer nada. E perguntou se podia conduzi-la até ali, só até ali. Ana foi.

Mas Ana era inquieta, não conseguia seguir apenas uma direção. Enquanto alguém permanecia inerte, ou seguia seu caminho lentamente, ela passeava pelo o lago, voltava para a margem, ziguezagueava. Sua alegria contagiava e ela se deixava contagiar. Estava feliz, e, vez ou outra, voltava a dar a mão para alguém. Mas alguém quis se certificar de que Ana não iria embora com a mesma velocidade que chegara. Ana disse que não.

Uma hora ela olhou para alguém bem no fundo dos olhos e disse que não o conhecia. Não o conhecia mesmo, mas sabia que não a faria mal. Por isso, permaneceu como estava. Para onde iriam? Ela não sabia.

Um pouco adiante nessa caminhada, e já bem longe da margem segura, Ana teve maus pressentimentos. Não tinha certeza de que aquele era o caminho certo. Talvez o toque da mão não fosse tão forte quanto no início da jornada. Ou Ana simplesmente teve dúvidas quanto ao destino que alguém reservara para ela. Mas alguém dizia para Ana se tranquilizar, que não pensasse muito para onde estaria indo. Ir sem pensar seria melhor. Assim Ana fez.

De uma hora para outra, alguém finalmente sinalizou um destino. Suas mãos, trêmulas, indicavam um caminho seguro. Ana se entregou, confiava nas palavras de alguém, e no caminho que haviam traçado até ali. Era possível olhar para trás, mas impossível enxergar a margem. Talvez tivessem entrado em outro território. O cheiro do novo a entusiasmava.

Os dois correram ofegantes até a próxima parada. Foi quanto alguém relaxou a mão. Primeiro, Ana resmungou, sussurrou por ajuda. Percebeu que não havia entrado em novo território, mas que estava indo em direção ao buraco do antigo. Depois gritou, desesperada. Estava no meio do gelo, a primavera chegando, e o lago derretendo. Quando o gelo estalou e Ana se viu afundando, alguém olhou para trás e disse: "é assim mesmo, congela". Alguém deu de ombros e retornou para a margem. Ana congelou.

O dia em que saí do interior de SP para a Croácia. De trem

Meu sonho de hoje foi doidão. E, para tirar novamente as traças deste blog, torno-o público.

Eu estava fazendo uma matéria sobre transporte, trens, e tive a brilhante ideia de seguir uma linha do começo até o fim. Eu, um pouco de dinheiro e uma câmera fotográfica cuja memória já estava no fim. A linha do trem não era uma linha comum: ela ia do litoral de São Paulo, passava pelo interior e depois ia para a França. É, para a França.

Peguei o trem em uma parada qualquer e fui. Mas não era exatamente um trem, pareciam uns carros de mina de carvão, e eles batiam muito uns nos outros – e havia miniprecipícios ao lado. Fiquei com medo, mas o piloto (porque nessa hora não existia maquinista) era bom de manobra arriscada.

Cheguei a uma estação grande, elevada, com uma espécie de hortifruti embaixo. Ali encontrei um editor executivo da Época fazendo reportagem de campo com um primo meu que é fisioterapeuta (!!). E, no meio do hortifruti, minha avó, que segurava uma caixa com morangos e blueberries. A essa altura, eu já estava no interior paulista. E minha abuela tinha vindo de Piracicaba com uma van fretada. Parece que a feira ali era a melhor da região. Eu e meu primo falamos com ela, filamos uns morangos, e saímos. E fotografava tudo, tudo.

Alguns quilômetros dali havia outra estação de trem, a estação internacional que levava para a França. Peguei um táxi para lá. Ele deu uma volta enorme, o taxímetro quebrou (teve uma hora em que olhei e estava marcando preço negativo), o taxista ficou puto e eu descobri que não tinha mais um real no bolso. Da minha carteira saíam várias notas, muito dinheiro: peso argentino e dólar. A corrida deu 9 reais, e, para o meu alívio, um outro primo meu de repente se materializou dentro do táxi e pagou minha conta. Ufa!

Entrei na estação e peguei o primeiro trem. Para a França? Sem um puto na carteira, exceto pelos pesos ou dólares – que ali não tinham nenhuma utilidade. Levei um susto quando desci do trem e não vi nenhuma França. Era a Croácia. E não sei também por que era Croácia. Mas era. E não havia meios de eu achar um caixa eletrônico. Eu andava por aquelas ruas, que pareciam mais labirintos de camelôs, e não conseguia encontrar nada. É horrível você se perder no sonho. As lojas não aceitavam cartão. Foi tenso. No fim do sonho, achei um ATM. Mas acordei antes de saber se ele serviria para alguma coisa.

15/02/2011

Filosofia de Kung Fu Panda

O ontem é história.
O amanhã é um mistério.
Mas o hoje é uma dádiva.
Por isso chama-se presente.

25/01/2011

Sai, doença, desse corpo que não te pertence

Minha avó dizia que eu tinha murbim no fiantã (traduzindo: formiga no cu, pelo menos é o que ela falava), porque eu nunca parei quieta. Em pé, de cabeça pra baixo, no chão ou trepada em algum móvel ou muro. Eu nunca estava parada. Teve até uma vez que minha tia apostou comigo que se eu ficasse um minuto quieta, ela me daria um Suflair (que era o chocolate MOR para mim). Perdi a aposta. UM MINUTO.

Então essa alma frenética e inquieta não consegue não sair de casa. Não consegue ficar quietinha no seu canto, dando descanso ao corpo. Nem quando está doente. Aí nunca sara. E hoje, assim como na infância, minhas pernas vivem roxas. Porque vivo trombando nas coisas, porque sou muito branca, porque não paro quieta, porque seiláoquê. É sério. Agora posso contar sete roxos na perna direita, um do lado do outro, e não faço ideia de como foram parar lá.

"Vai se tratar, sua louca masoquista". Tá, eu fui. Comecei com acupuntura, para dar um jeito nessa ansiedade que se liga à necessidade de não ficar parada e se transforma em alguma coisa cujos efeitos eu sinto no estômago, em forma de gastrite (a única coisa legal de estar com gastrite é repetir a endoscopia e ficar doidona de Dormonid). Mas vocês lembram que eu não consigo ficar quieta, né? Então como EU PODERIA FICAR MAIS DE UMA HORA COM UM MONTE DE AGULHA ESPETADA PELO CORPO SEM ME MEXER???? As sessões de acupuntura pareciam tortura – chinesa, com o perdão do trocadilho. E se eu mexer o braço e tiver uma agulha num lugar que eu não estou vendo e machucar? E se eu mexer o pescoço e tiver uma agulha na minha cabeça? Vai sangrar? T-O-R-T-U-R-A!

Resultado: doente ou não, eu estou flanando por aí, pipocando em algum lugar, conversando ou bebendo. Ou comprando. Ou lendo. Invariavelmente mexendo as pernas (síndrome das pernas inquietas).

Será que eu fico zerada até o carnaval? Hoje eu perdi a voz, o que será que vou perder amanhã?

PS: Horror vacui é um termo usado para definir o mal-estar em fazer apenas uma coisa. Por exemplo: só escutar música, ou só ler, ou só abrir uma janela no navegador, ou só mastigar ou só chupar cana. Sacou? Além de tudo, sofro de horror vacui.

08/01/2011

A loura peituda da Av Corrientes

Estava eu, passando pela Av. Corrientes (passando, não, camelando umas 16 quadras de ida e outras 16 de volta), em Buenos Aires, quando ouço um tlec tlec tlec tlec. Então, sinto um perfume doce extremamente enjoativo perto de mim. Eis que uma mocinha de vestidinho florido com cinto marcando a cintura e um megadecote, que mostrava seus seios fartos, uma cabeleira loura oxigenadíssima e um sapato que fazia o tal tlec tlec para na minha frente para atravessar o farol. Ao lado dela, um jovem de mochila nas costas.

A moça arrasou total. Apesar do barulho do sapato dela me incomodar muito, caminhamos quase juntas durante algumas quadras. Às vezes eu passava na frente, mas, no farol, fechado para pedestres, ela sempre passava na minha frente - tinha uma necessidade quase incontrolável de ficar na rua esperando o farol abrir, ignorava a calçada.

De tanto que ela ficou na minha frente, percebi que havia algo esquisito no cabelo dela. Tinha uma parte mais comprida, que chegava no meio das costas, e outra mais curta, no meio da cabeça. E, no cucuruto (como diz minha avó, aquela parte em que os homens começam a ficar com um buraco quando carecas), tinha um sem número de nós de cabelo. Megahair total, e mal feito. Cabelo de Barbie. (ao lado, Britney Spears no mesmo momento megahair)

O mais engraçado foi ver a reação dos passantes, o que parecia excitar a mocinha e inflar seu ego a ponto de perder o chão. Ela era bem bonita, produzida, corpitcho enxuto, peitão e roupa que valorizava tudo isso. Usava até cílios postiços. O que zuava mesmo era o barulho do salto, o perfume e o cabelo bizarro.

Comecei a prestar atenção nos que vinham que vinham à nossa direção. Foi unânime: os homens olhavam para trás com cara de desejo; as mulheres, com cara de nojo. E eu ria. Como ri! É engraçado porque isso mostra como são os homens e como são as mulheres, não importa sua nacionalidade. Ao ver uma imagem dessas, os homens não pensam duas vezes em olhar de novo e gostar. As mulheres não pensam duas vezes antes de julgar e fazer cara feia, de reprovação. Não me cabe fazer juízo da reação alheia. Eu me diverti muito.

Finalmente, depois de umas cinco quadras, a moça foi para o outro lado da rua. Perdi a movimentação dos transeuntes. Mas estou certa de que, do outro lado da rua, o sucesso que ela fez foi igual, para o bem ou para o mal.

Só não entendi o que era aquele rapaz: um amigo, um caso, um protetor ou um cara que se apaixonou e decidiu segui-la durante o passeio na rua. Eles não trocaram palavra.

2011 começando a todo vapor

Finalmente voltei depois da minha passagem por Buenos Aires antes do Natal. O fim do ano passou correndo e com muito trabalho para mim. O réveillon foi muito bom, festas e mais festas, e no dia 1º já tive que trabalhar. E no dia 2 também. E 3 e 4, e 5 eu folguei. Tirei uma bela folga para tomar sol no Pacaembu e caminhei bastannnte. O bom de cansar no dia de folga é que você pode dormirrrr. aiai



No dia seguinte, descobri que meu carro tem um problema de gasto de bateria e a concessionária da VW não conseguiu identificar. Fiquei com vontade de jogá-lo no Rio Pinheiros, mas poupei essa energia porque precisarei dele no sábado e na segunda. Terça eu volto a pensar nisso...

E também comecei de verdade no blog Sexpedia, além do Mente Aberta, onde escrevo pelo menos uma vez por semana sobre cultura.

É isso. 2011 começou voaaaaando para mim. Espero que toda essa energia se reverta em coisas realmente positivas.

Um bom ano para todos!