25/01/2011

Sai, doença, desse corpo que não te pertence

Minha avó dizia que eu tinha murbim no fiantã (traduzindo: formiga no cu, pelo menos é o que ela falava), porque eu nunca parei quieta. Em pé, de cabeça pra baixo, no chão ou trepada em algum móvel ou muro. Eu nunca estava parada. Teve até uma vez que minha tia apostou comigo que se eu ficasse um minuto quieta, ela me daria um Suflair (que era o chocolate MOR para mim). Perdi a aposta. UM MINUTO.

Então essa alma frenética e inquieta não consegue não sair de casa. Não consegue ficar quietinha no seu canto, dando descanso ao corpo. Nem quando está doente. Aí nunca sara. E hoje, assim como na infância, minhas pernas vivem roxas. Porque vivo trombando nas coisas, porque sou muito branca, porque não paro quieta, porque seiláoquê. É sério. Agora posso contar sete roxos na perna direita, um do lado do outro, e não faço ideia de como foram parar lá.

"Vai se tratar, sua louca masoquista". Tá, eu fui. Comecei com acupuntura, para dar um jeito nessa ansiedade que se liga à necessidade de não ficar parada e se transforma em alguma coisa cujos efeitos eu sinto no estômago, em forma de gastrite (a única coisa legal de estar com gastrite é repetir a endoscopia e ficar doidona de Dormonid). Mas vocês lembram que eu não consigo ficar quieta, né? Então como EU PODERIA FICAR MAIS DE UMA HORA COM UM MONTE DE AGULHA ESPETADA PELO CORPO SEM ME MEXER???? As sessões de acupuntura pareciam tortura – chinesa, com o perdão do trocadilho. E se eu mexer o braço e tiver uma agulha num lugar que eu não estou vendo e machucar? E se eu mexer o pescoço e tiver uma agulha na minha cabeça? Vai sangrar? T-O-R-T-U-R-A!

Resultado: doente ou não, eu estou flanando por aí, pipocando em algum lugar, conversando ou bebendo. Ou comprando. Ou lendo. Invariavelmente mexendo as pernas (síndrome das pernas inquietas).

Será que eu fico zerada até o carnaval? Hoje eu perdi a voz, o que será que vou perder amanhã?

PS: Horror vacui é um termo usado para definir o mal-estar em fazer apenas uma coisa. Por exemplo: só escutar música, ou só ler, ou só abrir uma janela no navegador, ou só mastigar ou só chupar cana. Sacou? Além de tudo, sofro de horror vacui.

08/01/2011

A loura peituda da Av Corrientes

Estava eu, passando pela Av. Corrientes (passando, não, camelando umas 16 quadras de ida e outras 16 de volta), em Buenos Aires, quando ouço um tlec tlec tlec tlec. Então, sinto um perfume doce extremamente enjoativo perto de mim. Eis que uma mocinha de vestidinho florido com cinto marcando a cintura e um megadecote, que mostrava seus seios fartos, uma cabeleira loura oxigenadíssima e um sapato que fazia o tal tlec tlec para na minha frente para atravessar o farol. Ao lado dela, um jovem de mochila nas costas.

A moça arrasou total. Apesar do barulho do sapato dela me incomodar muito, caminhamos quase juntas durante algumas quadras. Às vezes eu passava na frente, mas, no farol, fechado para pedestres, ela sempre passava na minha frente - tinha uma necessidade quase incontrolável de ficar na rua esperando o farol abrir, ignorava a calçada.

De tanto que ela ficou na minha frente, percebi que havia algo esquisito no cabelo dela. Tinha uma parte mais comprida, que chegava no meio das costas, e outra mais curta, no meio da cabeça. E, no cucuruto (como diz minha avó, aquela parte em que os homens começam a ficar com um buraco quando carecas), tinha um sem número de nós de cabelo. Megahair total, e mal feito. Cabelo de Barbie. (ao lado, Britney Spears no mesmo momento megahair)

O mais engraçado foi ver a reação dos passantes, o que parecia excitar a mocinha e inflar seu ego a ponto de perder o chão. Ela era bem bonita, produzida, corpitcho enxuto, peitão e roupa que valorizava tudo isso. Usava até cílios postiços. O que zuava mesmo era o barulho do salto, o perfume e o cabelo bizarro.

Comecei a prestar atenção nos que vinham que vinham à nossa direção. Foi unânime: os homens olhavam para trás com cara de desejo; as mulheres, com cara de nojo. E eu ria. Como ri! É engraçado porque isso mostra como são os homens e como são as mulheres, não importa sua nacionalidade. Ao ver uma imagem dessas, os homens não pensam duas vezes em olhar de novo e gostar. As mulheres não pensam duas vezes antes de julgar e fazer cara feia, de reprovação. Não me cabe fazer juízo da reação alheia. Eu me diverti muito.

Finalmente, depois de umas cinco quadras, a moça foi para o outro lado da rua. Perdi a movimentação dos transeuntes. Mas estou certa de que, do outro lado da rua, o sucesso que ela fez foi igual, para o bem ou para o mal.

Só não entendi o que era aquele rapaz: um amigo, um caso, um protetor ou um cara que se apaixonou e decidiu segui-la durante o passeio na rua. Eles não trocaram palavra.

2011 começando a todo vapor

Finalmente voltei depois da minha passagem por Buenos Aires antes do Natal. O fim do ano passou correndo e com muito trabalho para mim. O réveillon foi muito bom, festas e mais festas, e no dia 1º já tive que trabalhar. E no dia 2 também. E 3 e 4, e 5 eu folguei. Tirei uma bela folga para tomar sol no Pacaembu e caminhei bastannnte. O bom de cansar no dia de folga é que você pode dormirrrr. aiai



No dia seguinte, descobri que meu carro tem um problema de gasto de bateria e a concessionária da VW não conseguiu identificar. Fiquei com vontade de jogá-lo no Rio Pinheiros, mas poupei essa energia porque precisarei dele no sábado e na segunda. Terça eu volto a pensar nisso...

E também comecei de verdade no blog Sexpedia, além do Mente Aberta, onde escrevo pelo menos uma vez por semana sobre cultura.

É isso. 2011 começou voaaaaando para mim. Espero que toda essa energia se reverta em coisas realmente positivas.

Um bom ano para todos!