29/03/2009

sentimento de culpa

O que a gente pode fazer para que o mundo seja um lugar legal para se viver daqui 25 anos? Separar lixo reciclável do orgânico? Levar sua própria sacola ao supermercado? Andar de ônibus? Respeitar as pessoas, independentemente de quanto elas ganham ou qual seja sua profissão?

Fazer todas essas coisas juntas, ou separado, não me deixa tranquila. Por que compramos tanto? Por que comemos tanto? Por que precisamos tanto de iPods e iPhones? Não se pode ser feliz sem? Você fica puto ao se deparar com um corredor de ônibus? ("poxa, diminuiu a pista para os carros"). Então, meu amigo, trate de abstrair necessidades tão supérfluas... Transporte coletivo é bom e você pode aproveitar para ler um livro, um conto. O período que mais li em minha vida foi na faculdade, quando ia de ônibus à aula e enfrentava até duas horas e meia de trânsito. Muito produtivo.

Por que carregar 5 sacolas de plástico se você pode levar só uma? Por que se preocupar tanto em ganhar dinheiro se o que vale é a crença em você mesmo?

Uma confusão toma conta de mim. Acho que eu poderia viver sem luxos e modernidades. Acho, até, que eu preciso provar para mim que o mundo (e eu) pode continuar sem os meus vícios contemporâneos. E eu vou.

26/03/2009

conversa de "elevador"

Não foi no elevador. Mas poderia ter sido. Na fila do ponto de ônibus... na portaria do prédio. O motorista da empresa me solta um "será que o Brasil consegue se livrar da crise?". Esse papo é tipo "nossa! Como está calor!!"

Enfim, eu respondi o que achava, não queria deixar o simpático moço falando sozinho e sem dar a ele uma posição pessoal sobre a crise. O que o Lula falou sobre gastar é bom para movimentar o mercado e gerar capital para as empresas. Imagine se todo mundo para de comprar? Aí sim o Brasil afunda... por isso que não vale mais a pena colocar o dinheiro na poupança. Ou você gasta, ou coloca debaixo do colchão. Ações? Nem pensar. Não para o cidadão comum.

Ele queria trocar de carro, comprar um mais novo. Afinal, é seu instrumento de trabalho. Mas desistiu, não sabe o que esperar do futuro. Se ficar sem emprego, não terá como pagar a dívida. Se tivesse o dinheiro à vista, aconselharia comprar o carro.

Esse papo de emprego me abriu a oportunidade de mandar bronca nas terceirizações... Depois que eu falei que, como ele ganha um fixo pequeno e o resto por horas trabalhadas, a empresa não pagaria o que ele realmente ganha mensalmente caso o demitisse. A multa, o FGTS, as férias... é tudo calculado em cima do salário base. "É como se você ganhasse como vendedor, por comissão. Mas você não é vendedor." Ele pensou um pouco... e viu que estava sendo enganado. Mas nada poderia fazer... "É verdade, eles não me pagariam o que eu realmente tenho direito." E a conversa finalmente terminou fértil. Espero que ele espalhe para todos os amigos motoristas.

"O ruim é que a editora paga muito mal. Nem vale a pena trocar o carro." No que eu respondi que alguns motoristas tinham virado taxistas... "É, eles ganham melhor mesmo. Mas trabalham muito mais." E não sofrem da doença contemporânea chamada terceirização.

21/03/2009

jovens e patologias

Na quinta-feira, dia 19, fiquei sabendo de dois casos de saúde, envolvendo jovens, que me deixaram assustada. O primeiro foi de um rapaz de 26 anos que teve câncer no testículo. Nunca tinha ouvido falar sobre esse tipo de doença em homens tão jovens. Ele fez cirurgia, retirou o testículo, colocou uma prótese e agora passa muito bem. Parece que o perigo já foi afastado com a cirurgia, ainda bem. Mas inevitavelmente terá de fazer exames periódicos de prevenção.

Outro caso é de um garoto de 19 anos que morreu de infarte. Dezenove anos. "Foi de acidente?", perguntei ao saber. Não... infartou. Teve um fim mais triste e efêmero que o caso anterior.

Mas os dois são igualmente aterrorizantes: o que há em nossa sociedade que faz pessoas tão jovens sofrerem de patologias ligadas à vida madura? Se essas notícias fossem da Idade Média, acho que não chocariam tanto. Naquela época, pouco se sabia sobre câncer ou sobre estresse. Li que os padeiros trabalhavam até 20 horas por dia em locais insalubres, quentes e empoeirados de farinha. Morrer de ataque do coração não era algo tão absurdo. Tantos séculos depois, jovens ainda morrem de problemas cardíacos. E outro lado diz, felizmente, que nossa ciência é mais desenvolvida. Mas o que há na nossa sociedade que leva um homem de menos de 30 anos desenvolver esse tipo de câncer? E por que um jovem tão jovem morre de ataque cardíaco?

Talvez tenhamos evoluído muito pouco desde a Idade Média. Podemos ter alcançado resultados na técnica, mas não no fator psicológico.

18/03/2009

casa de 3m²


Quantos metros quadrados você precisa para sobreviver? Tem gente que mora sozinha em apartamento de 400m², tem gente que divide um barraco com mais 10... No Brasil, o espaço que uma pessoa tem para morar está muito relacionado à sua renda. No Japão, falta espaço mesmo - não que os mais ricos não morem melhor. Mas é tudo pequenininho. Tanto que um escritório japa de arquitetura criou uma casa com 3m² (TRÊS!). Tem uma rede, mesa, privada, chuveiro e pia. Tudo branquinho. Segundo o blog da Galileu, os designers planejam vender a ideia como uma espécie de casa móvel, desde que o dono encontre uma maneira de carregá-la e trazer água. Ah, e ainda tem entrada de luz natural. Bom para quem gosta de acamparm hein?



13/03/2009

12/03/2009

A mãe do Jesus Luz é um...

Observem a foto abaixo e, por favor, completem a frase do título. Não quero ser chamada de maldosa ou coisa do gênero.



Deu no Ego, da Globo.com. Está aqui, ó.

11/03/2009

quero, quero, quero

Eu já falei isso aqui no brógui, mas volto a dizer: eu quero um Squishable!!! Olha que coisa mais fofa!! Fora que na galeria da onde eu tirei essa foto tem várias outras engraçadas.





Que quero, quero, quero, querooooooooo

O coletivo

É engraçado observar as pessoas na rua quando se está de carro ou de ônibus. A primeira possibilidade é um pouco mais perigosa, uma vez que é preciso prestar atenção aos outros carros e pedestres que se aventuram no meio da rua - e evitar acidentes. A segunda, um pouco mais prazerosa. Tenho andado pouco de ônibus ultimamente, mas devo voltar ao hábito para economizar e ter mais tempo de ler e observar a paisagem.


Fiz essa divagação para dizer que estava vindo para o trabalho hoje e vi uma mulher correndo para pegar um ônibus parado no ponto. A mulher corria toda desengonçada, destrambelhada mesmo. O pior é que ela nem imagina que os outros estavam observando a cena... Ela, inocente de tudo, e eu, maldosa. Eu sei. Mas foi tão engraçado. Correr atrás do ônibus é sempre um mico. E quando ele parte e te deixa com cara de otário no meio de todo mundo? É, otário, porque sempre terá alguém te observando... sempre. E quando, na correria, você derruba a sacola, a pasta ou o papel que está segurando? Tem que parar para pegá-lo e, invariavelmente, perde o ônibus. Pior é quando você leva um puta tombo. Daí o negócio fica triste. Não sabe se dá uma gargalhada - de nervoso - ou se chora. Então o povo do ponto se solidariza - vai te ajudar e você não sabe se isso é pior ou não.

Pois é. Pegar ônibus é sempre uma aventura. E cuidado para não colocar o dedo no nariz, mesmo que o ponto esteja vazio. Há sempre alguém te observando na rua...

06/03/2009

Restaurante francês? Não vá ao Marcel.

O Restaurant Week é um evento em que se tem a oportunidade de conhecer restaurantes caros e bons a preços módicos. É o que dita a propaganda. A organização, no entanto, deveria brecar a entrada de alguns que não têm estrutura para suportar grandes volumes de clientes - e acabam criando uma imagem negativa para o público. Ou seja, restaurantes caros a preços módicos e serviço mequetrefe. Alguns amigos já chegaram a dizer que o Restaurant Week é a maior roubada, que a todos os lugares que eles foram aconteceu alguma coisa errada, ou várias. Eu já fui a bons restaurantes que mantiveram sua qualidade no atendimento e na comida - cito: Nakasa, Le Petit Trou, Lola Bistrô, Tanger e Chakras. Outros, infelizmente sujam o nome dessa semana tão gostosa para o paulistano. Não entendem que receber muita gente não significa abrir mão de atendimento cuidadoso.

Hoje fui ao Marcel, de comida francesa, carésimo para o que oferece - pretensioso e arrogante, eu diria. A demora para sentar à mesa não incomodou, já que estávamos em sete pessoas. Sabíamos que ia demorar. Quando sentamos, pedimos os pratos e, logo depois, o garçom passou jogando os talheres da entrada. Jogou mesmo. Antes, retirou os pratos vazios com tanta pressa que o guardanapo de linho caía todo desarrumado sobre a mesa. Nada fino para um resurante francês. Na entrada, erraram uma das sete. Ok. Mas o pior foi trazer brandade de bacalhau num prato de sopa! Imagine um bolinho de bacalhau molenga num prato fundo e grande. Meu amigo sentiu muita dificuldade para dar suas garfadas. O prato principal veio certinho, mas sem talher especial para peixe. Zero para o serviço: um restaurante desse nível não poderia cometer esse erro, jamais. Não é porque o menu é barato que o pessoal que vai não sabe a diferença entre carne e peixe.

Pratos sujos retirados, é hora da sobremesa. Novamente, o garçom arremessa as colheres sobre a mesa. Deu medo até. O sorvete com calda vermelha veio gostosinho, mas o crème brulée de maracujá veio com uma camada muito grossa de açúcar (doce demais) e o creme tinha virado sopa. Mole, ruim. Na hora da conta, cobraram R$4 a mais por garrafa de vinho que pedimos (foram duas) e 13% de serviço. TREZE por cento!!!! Deu até vontade de não pagar. Um amigo pediu nota fiscal paulsita, mas como estava sem luz (ah, sim, acabou a luz e o ar condicionado parou de funcionar, fazendo todo mundo suar à mesa), eles deram uma nota escrita à mão e SEM o CPF dele. "É para você ligar depois e pedir para inserir o CPF". Poxa!

Se o estabelecimento não tem capacidade, pessoal ou estrutura para receber tanta gente, como acontece no Restaurant Week, então não entra. O evento é para atrair mais pessoas nos dias normais, não para afugentar clientela. Os donos têm de aprender que o serviço e a apresentação dos pratos não podem ser inferiores só porque se trata de uma 'promoção'. Se eu quero um atendimento meia boca, eu vou à padaria comer PF, onde o garçom é gente fina e não tem frescura, a comida é barata e nem um pouco pretensiosa - mas muito gostosa.

Nota zero para o Marcel.