24/10/2009

Buenos Aires/Mendoza - dia 11


01/setembro

22h20

O vinho ruim nos deixou alegrinhos, mas não bêbados o bastante para nos fazer dormir as mais de 14h de viagem (na foto, ainda na rodoviária de BsAs). A poltrona do ônibus (semi-cama) que escolhemos era confortável para uma viagem de até 6h, não mais. Fora esse problema, havia dois bebês no ônibus e duas tuberculosas que não paravam de tossir. A noite não foi gelada, foi congelante. Muito, muito frio. A rodomoça era uma imbecil que não entendia nada do portunhol perfeito que falávamos. E uma coisa eu entendi: não há paradas em certos trajetos, nem nos mais longos. Ou seja, não há postos, nem restaurante, nem banheiro. Aliás, o banheiro do ônibus era só para líquidos. Se o passageiro precisasse fazer "sólidos", tinha que pedir para o motorista parar. Puta coisa indigna!! Desconfortável para aquele que precisa fazer nº2. Mas bom para quem senta perto do banheiro.

A empresa disse que servia cena e desayuno. O jantar foi uma saladinha sem vergonha de cenoura, pão (seco), empanada fria de carne e canelone de espinafre, cujo recheio estava meio massudo. Mas foi melhor que as bolachinhas da Gol (se bem que a viagem é 5x mais longa!). O café-da-manhã foi tosco: alfajor. E café. Só.

Chegamos a Mendoza e vimos uma paisagem árida, marrom. Acho que os vinhedos não estão verdes. Nós nos instalamos no Ibis, que é longe do centro, mas barato - 139 pesos. E, melhor, é silencioso, com banho bom e cama king size dura. Ah! Sonho!

Levamos as roupas sujas para o 5 a Sec anexo ao Carrefour, que fica ao lado do hotel. Voltamos, almoçamos no Ibis e capotamos. Lá pelas 18h40, acordamos e fomos à lan house no Carrefour (também...). Vimos emails, pesquisamos sobre o que fazer em Mendoza e como ir até Los Penitentes, uma estação de esqui a 168km daqui. Pegamos a roupa e dicas valiosas de um senhor simpático, Luiz Paris, que trabalha numa loja de armarinhos, também no Carrefour.

Agora, estamos num bar na Av. Villanueva, dica do Luiz. Chama El Palanque. Tomamos dois vinhos Alta Vista Cabernet Sauvignon 2007, 34 pesos cada. O jogo americano do bar é de papel e tem um espaço para um concurso de dibujo (desenho). "Los ganadores tienem derecho a uno almuerzo". O Thominho fez um desenho super legal! Ahora quedamos borrachos... hum!

30/09/2009

Montevideo/Buenos Aires - dia 10

31/agosto

6h30

A noite foi trágica: televisão alta, porta batendo, teclado do computador (segundo o TO+, que tem ouvido de leproso), uma tuberculosa e uma brasileira querendo fazer amigos. Quando tudo isso se aquietava, uma turma de desocupados inha e vinha na rua, berrando. Ou o Thominho roncava. Dormimos picas. Acho que estamos ficando velhos para hostel. Ainda bem que já reservamos o Ibis em Mendoza! Antes de dormir, assistimos "Siñor M", que sacava pollitos de seus baus magicos!!! hahaha

Estamos no Terminal Tres Cruces de ônibus, esperando a conexão para Colonia, onde pegaremos o buquebus. O dinheiro que nos restou deu apenas para um café expresso. Pobreza ao extremo (foto). Agora, tentaremos tirar dinheiro no puto do Itaú de Buenos Aires e, também, em algum conveniado ao Bradesco, pela rede Plus.

14h10
A viagem foi ótima, dormi quase o tempo todo. O TO+, não. Esfriou muito e, no porto de Colonia, ventava como há muito não sentia - ventava canivete, cortava a alma. O buque sacolejou um pouco, bem na hora que eu estava tentando fazer xixi. Em Buenos Aires está mais calorzinho, mas ainda muito mais frio que na semana passada.

Deixamos a bagagem na rodoviária (32 pesos, no total) e fomos para o Itaú. Eles nos atenderam bem, mas o cartão de débito do Thomaz não é internacional e não podemos sacar aqui, de jeito nenhum. "É outro sistema", disse a gerente. Pior, ela disse também que centenas de brasileiros como a gente se ferraram por causa disso: foram lá e ficaram sem dinheiro. Por que raios não enviaram outro cartão para o Thomaz antes da viagem, uma vez que ele avisou que iria para o exterior? Serviço de porco.

Ficamos super preocupados e decidimos ir ao escritório do Bradesco para ver o que acontecia, já que não estávamos conseguindo sacar - tentamos em alguns bancos. O atendimento foi fantástico, a mulher, super atenciosa, ligou para o Brasil duas vezes e conseguimos resolver nosso problema (na foto, TO+ conversando com a gerente em SP). Só não sabemos se o problema já estava resolvido porque, achamos, não tentamos sacar na rede Banelco. No Brasil, não avisaram que o saque só pode ser feito em caixas atrelados a esse tal de Banelco. Aliás, falaram que era possível sacar no Bradesco daqui. E aqui nem tem Bradesco. Mas pelo menos deu certo. Ufa!

Agora, estamos em um cantina italiana modernosa no Retiro chamada Filo. O TO+ está sentado atrás de uma bunda (!) - de uma boneca de manequim sexy. A garçonete é muito simpática. Aqui, e em outros restos de Buenos Aires, as pessoas comem pizza no almoço! Pode ser com massa fina, grossa, redonda, quadrada...

19h

O almoço foi muito gostoso. A salada al brie que comi estava muito boa, com salmão defumado, camarõezinhos e nozes. O espagueti a la sorrentine do Thomaz devia estar bom também, porque eu nem consegui experimentar (hehe). Saí de lá bebinha depois de meia garrafa de vinho San Telmo.

Demos aquela caminhada básica, para não perder o costume, atrás de cinemas no centro. No primeiro estava passando Coco antes de Chanel, que já assistimos, e outro filme argentino, que deve ser bom, mas como não tem legenda, fiquei receosa - e se eu não entender direito? O segundo cinema não existe, é uma casa de espetáculo de tango, na 9 de Julio. A terceira, Atlas Lavalle, tem um monte de salas e vários filmes para escolher. Aliás, na mesma rua Lavalle, na mesma quadra, tem outro cinema com outras cinco ou seis salas. Só que não podíamos escolher muito por causa do horário do ônibus para Mendoza.

Fomos ao Atlas. Queria ver Se Beber Não Case (O que será de amanhã?, em espanhol), mas era muito tarde. Então, ficamos entre uma comédia romântica americana (La Cruda Verdad) e o trash americano Arraste-me para o Inferno, de Sam Raimi. Escolhemos o segundo. O cinema é incrível, super grande e íngreme. A tela é enorme!! Mas o som deixa a desejar. O filme também. Mas é engraçado e dá susto, como um bom filme de terror. Num certo ponto, cai no escracho. Ótimo para não pensar em nada. E "descansar", porque precisamos.

Agora estamos sentados no café Tribunales, ao lado do Palacio da Justicia, tomando um vinho de mesa random/genérico, chamado Bianchi. Foi sugestão do garçom entre os quatro (miséria!) que tinha o menu. Aliás, foi o primeiro garçom que não serviu o vinho adequadamente desde que pisamos aqui. O bom é que estamos do lado do ponto de ônibus e vimos que a linha que precisamos pegar passa toda hora. E a 29 (nosso pai) também!




23/09/2009

Montevideo - dia 9

10h10

Depois do jantar fomos ao bar Fun-Fun, que fica pertinho do hostel. Lá, dois músicos tocam tango e tem uma bebida típica, a uvita. Mas o velho do Thomaz não quis ficar. E, como o dinheiro está contado, não valia a pena pagar couvert, cubierto etc para ficar 20 minutos. Volvemos.

No hostel, na hora de dormir, descobrimos que uma forte corrente de vento faz a porta do quarto bater loucamente, mesmo estando trancada. Parece que alguém, do lado de fora, socava a porta. Bizarro. Ficamos sem dormir até o TO+ levantar e descobrir que as portas do corredor, que dão para áreas comuns, tinham que ficar fechadas. E ele as fechou, putamente. Agora sim!

Agora, estamos num café para o desayuno, que serve um café com gosto de terra, segundo o TO+ (o problema foi que ele pediu café "natural" e não "cortado"). Depois, vamos a uma feira típica de domingo, na rua Tristán Narvaja e cercanias. (na foto, a feira)


20h02

A feira é totalmente freak: "tem de tudo, é um mistério". Juro, tem coelho, aranha, tartaruga, peixe, comida viva de peixe, faisão, pavão, cachorro, frutas, legumes, verduras, massas, queijos, pães, roupas, antiguidades, móveis, brechós, quinquilharias velhas, livros, galinhas, pássaros, plantas, algas, cereais, temperos, apetrechos de cozinha, livros velhos, empanadas, sapatos e roupas de couro (novos e usados) e tudo o que você acha que deveria estar no lixo, mas alguém acha que não e quer vender (celular velho, secador de cabelo velho, bota furada, prego usado, parafuso, brinquedo sujo, ralador de pimenta, chinelo de quarto velho, roupas amarrotadas e um sem fim de coisas!). Dá agonia! Mas é muito divertido. E cheio.

Voltamos para o hostel e fomos a pé até o Mercado del Puerto. É bem perto de onde estamos hospedados, por isso, achamos que não haveria problema ir caminhando. A recepcionista do hostel havia alertado na noite anterior que o lugar não era uma região muito bonita, mas arriscamos. Arriscamos mesmo, ainda mais porque o Thomaz decidia mudar o caminho toda hora para ver coisa nova. Acontece que, além de abandonada e erma, a região é cheia de casas caindo aos pedaços - e que, por incrível que pareça, abrigam pessoas.

Enfim, ficamos cerca de meia hora andando de um lado para outro, numa área amedrontadora. Não nos sentimos ameaçados, mas também não estávamos seguros. Segundo o TO+, aquela área era perfeita para uma emboscada.

Fomos ao Buquebus para comprar a passagem de volta para Buenos Aires e o cartão de crédito do TO+ não passou. Será que acabou o crédito? Será que não passou porque não passou? Será que estamos azarados mesmo? Paguei com o meu e fomos almoçar.

O Mercado del Puerto é muito legal, só tem restaurante. Uns mais chiques, outros mais simples, mas todos servem parrillada: carnes mil, miúdos, linguiças, legumes, peixes e frutos do mar assados na brasa. E até os mais simples têm taça de vinho na mesa. Como o estômago do Thomaz não está muito bom, escolhemos abadejo com saladinha. Para variar, muita comida: dois filés de peixe grandes, legumes e mais a salada que era para quatro, e não para dois, como disse o garçom. Saímos de lá felizes, bem alimentados, mas sem ter comido um boi inteiro - como era o costume nos dias anteriores.

Pegamos a linha 116 de ônibus e fomos para o Parque Rodo. Aqui, escolhe-se se a passagem vale 1h (16 pesos) ou 2h (21 pesos) e paga-se o valor correspondente ao cobrador. Chegamos ao parque e tinha outra feira, esta praticamente só de roupas. Fugimos dela e entramos no parque. Íamos andar de pedalinho no lago (que estava quase congestionado), mas desistimos porque as embarcaçõezinhas eram velhas demais e achamos que estavam quase afundando.

Do outro lado do parque tem um parquinho de diversões, em que você paga 29 pesos por brinquedo. Fomos à montanha russa, mesmo que parecesse aquelas do litoral sul de São Paulo, quase assassinas. Foi exciting, mas uma menina sentou no banco da frente (o carrinho era para quatro pessoas) e atrapalhou o videozinho do TO+.




Como a playa de Pocitos era logo ali, fomos a pé. No mapa, as coisas parecem longe, mas é tudo bem pertinho. Acho que as quadras de Montevideo son chicas. Os bairros do parque até a praia são bem bonitos, com prédios baixos e muitas árvores. Perto da praia, os edifícios lembram os da orla carioca. O calçadão parece Ipanema! Lotado!! Saímos de lá umas 17h30 e já estava muito mais cheio do que quando chegamos, umas duas horas antes. Deitei em um banco, no colo do TO+, e curti aquele vento delicioso, depois do calor escaldante que fez durante o dia. Até sonhei! Mas estávamos muito cansados e resolvemos voltar para o hostel em vez de ficar para ver a praia à noite. É engraçado porque as pessoas sentam no chão do calçadão, para conversar, tomar cerveja e outras coisas, como fumar um baseado.

Eu e o Thomaz nos impressionamos com a frequência com que vimos as pessoas tomando chimarrão - de novo. Inclusive em lugares proibidos, como dentro do ônibus. Na rodoviária também não pode. E nos restaurantes também. É um vício nacional maldito. Um aviso dentro do ônibus dizia que a água quente pode queimar quem está tomando e os demais passageiros. Tá certo! Em um cruzamento, três grupos de candidatos rivais, com bandeiras e folders. Acho que a eleição está próxima.

Pegamos o 116 de novo e voltamos para o hostel. Aqui, é a nossa mãe adotiva (a linha 116). Eu dormi e o TO+ assistiu a três episódios dos Simpsons na tevê. Em espanhol, obviamente. O outro canal está desde ontem passando uma espécie de Criança Esperança, mas mais mala porque nunca acaba. Queríamos fazer a reserva no hotel em que ficaremos em Mendoza, mas tem um velhinho que mora no hostel e não sai do computador! Ele fica vendo imagens de satélite e informações de ventos, correntes e cartas náuticas. Mardito!

Fomos jantar no Don Peperone, um restaurante de cadeia modernete de Montevideo. Queríamos experimentar o famoso chivito uruguaio, uma mistura de ovo, carne, queijo, presunto, pão e batata frita. Mas o nosso era mais fino e vinha com uma saladinha. A garçonete disse que o prato era para um, mas duvidamos porque havíamos visto o prato em outros lugares e era sempre imenso. É é. Gigante. Só a carne é pouca para duas pessoas, e não tem tanto presunto e queijo como no tradicional (ainda bem). Mas vem com um montão de batata, batatonese e salada de alface, tomate e cenoura. Comemos bem e ainda pedimos a sobremesa da casa que é fenomenal! Uma torre de delícias: biscoito, doce de leite e uma espécie de mousse de chocolate congelados, chantilly e calda. Hum!


30/agosto

19/09/2009

Buenos Aires - dia 8

29/agosto

14h20

Fodeu! Fo-o-o-o-deu!! Primeiro o Sebastian (dono do hostel) se atrasou para nos buscar porque não encontrava o documento do Thomaz que deixamos em troca das chaves do quarto e da casa. Resultado: chegamos em cima da hora para comprar as passagens para o Buquebus, que nos levaria a Colonia, no Uruguay. A 20 minutos do embarque, só conseguimos passagens de primeira classe para o Buque das 8h30 cuja travessia demora 1h. Uma diferença de 25 reais (na foto, eu, morrendo de frio com o ar condicionado da 1ª classe...). Se fossemos no próximo, às 9h30, e que demora 3h, chegaríamos às 12h30 - muito tarde para conhecer Colonia del Sacramento. No meio da correria, e justo quando fui pagar a passagem de 1ª classe, descobri que enfiei meu cartão do Santander (com o qual eu sacava dinheiro) no meio do cu. Bem lá no fundo. Perdi e me fodi.

Agora, teremos que gastar o pouco que nos resta em cash e em cartão de crédito - o que é a coisa mais difícil na Argentina e Uruguai. Aqui, a taxa das operadoras de cartão é cara e, além do valor ser mais caro em cartão em relação a dinheiro vivo, ainda há pagamento mínimo. Ou seja: 10 reais no cartão de crédito, jamais. Pior: temos 600 pesos argentinos e ainda falta uma semana para a viagem chegar ao fim; para pagar alguns dias de hospedagem, alimentação, táxi e ônibus. Fodeu completamente! (na foto: "Alô, perdi meu cartão e estou em viagem internacional. Preciso cancelá-lo.")

Passeamos por Colonia, uma cidadezinha graciosa, sem muita coisa para fazer, o que é bom. Depois do estresse que passamos pela manhã, além de não ter dormido direito, é bom poder fazer nada, descansar. As coisas aqui não são baratas como na Argentina, apesar da desvalorização do peso uruguaio - 1 para 0,08 real. E com temos pouco dinheiro, e também não podemos exagerar nos gastos com cartão de crédito, então o melhor a fazer é descansar.


Colonia tem muitas lojinhas e me incomodou muito o fato da maioria (ao menos na parte histórica da cidade) apresentar o preço dos produtos em dólar - o que mostrava que aquelas lojas só vendiam para turista, e eu não queria ser mais um comprador de souvenir inútil. Ficamos uns 30 minutos apreciando a paisagem de um pier, com sol forte e vento mais forte ainda (foto). Muito bom! Confesso que, nessa hora, dormi, deitada no banco e no colo do Thomi. Ah, aqui, dia 29 também é dia do nhoque da sorte, mas preferimos ficar no peixinho.

O tempo passou... Se o Thomaz não conseguir tirar dinheiro do Itaú na segunda-feira, quando estaremos de volta a Buenos Aires, iremos apelar para o saque no cartão de crédito, que cobra taxas fenomenais! (na foto, estou tentando me esconder do sol ardido)






22h20

Voltamos à rodoviária de Colonia (na foto, os dois, morrendo de calor) e a atendente tinha errado o horário da passagem. Fui reclamar, pensando que seria inútil, mas me surpreendi: eles trocaram a passagem sem duvidar. Aqui no Brasil seria a maior burocra... O ônibus tinha ar condicionado e poltrona que deitava até uma posição bem confortável. Eu dormi praticamente a viagem toda! A não ser pelas vezes que fui acordada pelos berros de umas crianças uruguaias pentelhas. O Thomi ficou acordado a viagem toda e fez alguns filminhos. A estrada é totalmente plana!

Chegamos ao terminal Tres Cruzes e corri para o telefone: se o hostel no qual reservamos o quarto não aceitasse tarjeta de credito, teríamos que ir para outro. Alívio: aceita!!! O hostel fica em frente ao Teatro Solis e ao lado da Plaza Independencia. Suuuper no centro. Caminhamos pela 18 de Julio, uma avenida central, e vimos trocentos uruguaios carregando uma garrafa térmica debaixo do braço e uma cuia pequena de chimarrão na mão. Mesmo nesse puta calor. Passamos por uma praça que havia um baile de velhinhos ao som de música típica. Muy bonito!

Ah, e nossa cama é dura! Muito boa (na foto, a felicidade de estar sobre uma cama que não forma "U")! Estamos jantando num restobar ao lado do hostel e está tocando Jorge Aragão!! E o Thomaz pediu nhoque na sorte, quem sabe a nossa sorte muda... Porque ontem foi foda!

16/09/2009

Buenos Aires - dia 7

28/agosto

21h30

Ontem voltamos para o hostel e eu simplesmente capotei. Quase que não acordo para ir a uma milonga que uma garota do hostel recomendou. É um baile na Villa Malcolm, segundo um professor de tango, milonga "alternativa". Achamos muito legal, mas tango é realmente difícil. Eu e o Thomaz tentamos bailar uma música, mas só demos vexame. Voltamos e dormimos.

Só consegui sair da cama às 11h30. Então começou a jornada do "tudo dá errado". Passamos no Itaú e descobrimos que não se pode sacar aqui, tem que ter o cartão de débito internacional. O Thomaz foi literalmente "rechazado" no caixa eletrônico.

Fomos a San Telmo para almoçar no La Brigada (outro link), sugerido pela Jordi. A carne estava absolutamente incrível, mas, nós, completamente deslocados no restaurante, frequentado basicamente por engravatados e executivas. Tudo bem. Somos turistas mesmo... Eu pedi um bife de chorizo (foto - imenso! metade foi para o Thomi) e o Thomaz, lomo. Uma saladinha caprese para acompanhar e, dessa vez, cerveja. Porque estamos meio enjoados de vinho.

Depois do almoço tentamos resolver essa questão dos saques no Itaú, mas chegamos às 15h01 na "caja central" do banco, que já estava fechado. Havia 1 minuto. Que raiva! Bateu um desespero forte e o Thomaz pediu socorro para os pais: transferiram dinheiro para a minha conta, porque eu consigo sacar nos bancos argentinos com o cartão do Santander. Ufa! Se bem que o Santander Río, que tem aqui, é outra empresa e eu pago um absurdo de tarifa. Melhor que ficar sem dinheiro - da próxima vez, vamos trazer reais.

Então realmente relaxamos e fomos a Puerto Madero (na foto acima, eu tomando um helado), conhecemos o museu naval (que fica dentro de um navio ancorado, na foto) e passeamos muito, ao longo dos 2km do porto!! Para relaxar, fomos ao cinema - assistimos Coco antes de Chanel. Muito bom. Puerto Madero é super bonito, mas bem diferente do resto da cidade. Ainda cultiva parte da arquitetura antiga, dos antigos galpões do porto, mas está tomado do prateado da arquitetura pós-moderna.

Voltamos com o 152, que já virou uma mãe para a gente (o 29 é o pai) e demorou um pouco por causa do trânsito, para variar. Agora, acabamos de comer no Club Eros, um restaurante bom, barato e barulhento em Palermo, também sugestão da Jordi. Apesar da localização, é uma construção antiga, pé direito alto, sujão, superiluminado e com uma quadra de futebol de salão dentro (foto abaixo, por isso ele é um clube). Inusitado. Acho que fizeram o restaurante para alimentar os esportistas famintos. Pedi um milanesa e berinjelas para acompanhar. O TO+ foi de sorrentinos recheados de mussarela com molho vermelho com carne (estofado, na foto, com recheio derretendo. hum!). Tudo muito bom e barato. Com a Quilmes de 1 litro, deu 40 pesos - 10 reais para cada.

Fomos para o hostel fazer as malas e dormir. Amanhã vamos para Colônia, no Uruguai. De madrugada, os jovens entravam e saíam da casa a toda hora, o que não nos deixou dormir. O colchão ruim, em "U" ajudou a piorar a noite de sono.

14/09/2009

Buenos Aires - dia 6

27/agosto

17h05

Hoje fez mais calor que o verão de São Paulo! Tá bom, nem tanto, mas está muito quente. O Thomaz tomou café com tostado mixto. Muito bom o sanduíche, num pão fininho, de miga, e recheio na quantidade certa. Pegamos o ônibus 152 em direção ao Caminito - descemos na garagem da viação. Estávamos a duas quadras de nosso destino. É uma região muito pobre, abandonada e com muitos cortiços.

O Caminito é como o pelourinho: bonito, colorido, cheio de lojinhas de lembrancinhas e com muita gente abordando os turistas para comerem no restaurante X ou Y. Mais ou menos como na Calle Florida, mas sem as lojas de couro. Compramos algumas coisas e fugimos das pessoas que assediavam os turistas. Eles também cobravam para tirar fotos com dançarinos de tango e com um sósia do Maradona. Fomos à La Bombonera, mas não fizemos o tour dentro do estádio porque o chato do TO+ não gosta de futebol, apesar de alegar que torce para o Curíntia.

Partimos em direção a um restaurante muito antigo e numa região abandonada do antigo porto, El Obrero (e tem este outro link aqui). Eu pedi meia porção de rabas (anéis de lula, na foto) gigantes que foram as mais tenras e carnudas que já comi ever! (por apenas 9 reais) O Thominho foi de peixe ao molho de roquefort e batatas cozidas. Não sabíamos, mas o prato dava para dois e custa só 13 reais. Resultado: comemos pra cacete, de novo. O peixe chama algo como Boroton, Brejon, Boro-alguma-coisa, bem branquinho e de filet alto. Hum! A conta: 21,50 para cada, com 2 Quilmes de 650 ml.

Voltamos para o nosso pagamento de promessa diário (andar como uns camelos para conhecer a cidade) só que debaixo de um sol desértico! E as árvores que poderiam abrandar o calor estão todas secas, como no resto da cidade. A região do restaurante também não contribui muito para fazer do caminho um passeio prazeroso.

Queríamos visitar o Museo de Arte Moderno. Para chegar até lá, subimos uma das únicas ladeiras de Buenos Aires - e era só uma quadra de subida (ladeira para os padrões porteños, não para os paulistanos). Depois de camelar muito e passar tanto calor, foi frustrante ver que o museu estava fechado para reforma. Já estávamos em San Telmo.

Foi reconfortante ver que a linha 29 passava por lá. É uma linha de ônibus que passa por todos os lugares, de Olivos até a Boca, ziguezagueando pelo centro. Enfim, passa em Palermo e lá fomos comprar sabonetes para levar de lembrança, e para nós também. Gastamos 108 pesos em sabonete - nunca havia gastado tanto com isso! É uma lojinha tradicional, bem simples, num lugar onde tudo é descolado/chique, chamada Sabater Hermanos (na foto). Nosso dinheiro acabou e fomos para a Plaza Cortazar, tomar 1,5 litro de cerveza Quilmes e descansar. Fomos abordados por inúmeros vendedores e pedintes. A diferença em relação ao Brasil é que não entendíamos uma só frase do que diziam.

Abaixo, outras fotos do Caminito e da Plaza Cortazar



11/09/2009

Buenos Aires - dia 5

26/agosto

16h30

Ontem à noite fomos ao show do Narcotango na Florida, um grupo muito bom. O lugar estava cheio de gente, de todas as idades. Foi engraçado ver os velhinhos dançando eletrotango. Muito legal! É como se os velhinhos daqui dançassem D2, em busca da batida perfeita... Para jantar, seguimos a dica do Chicabelo: restaurante Reyes, na Av. Santa Fé. O Thominho comeu bife de chorizo con calabaza grilladas (abóbora grelhada) e eu fui de matambrito de cerdo (lombo de porco) con salsa crema y papas. Tudo muito gostoso - o Thomaz ainda comeu metade do meu cerdo... :) O melhor: a conta ficou 100 pesos, com um malbec San Rafael e o couvert - pãezinhos quentinhos e um patê de fígado delicioso que o Thomi rejeitou.

Voltamos a pé para o hostel, num caminho de uns 2,5 quilômetros, em nossa promessa diária de andar como uns camelos.

***

Hoje tomamos um cafezão reforçado para só jantar. Fomos a um café muito gostoso na Santa Fé ao lado do Jardim Botânico, que visitamos depois. Do outro lado da rua, adentramos o Jardín Zoológico, que tem alguns animais soltos e curiosos, que vêm "conversar" com o visitante (foto). Foi muito divertido. Mas bicho preso é sempre deprê. De qualquer maneira, vimos urso polar, panda vermelho, hipopótamo pigmeu, cabras, puma e pinguins (ounnn!), pouco usuais nos zoos do Brasil. Também visitamos o museu Eva Perón, bonito, instalado em um casarão antigo, que era a matriz da Fundação Eva Perón e acolhia pessoas carentes. Muito legal a história dessa mulher (eu tinha um bode violento por causa do filme da Madonna, mas agora passou).

O dia foi bem verde: conhecemos o Jardín Japonés, que é absurdamente lindo e transmite uma paz deliciosa (na foto, uma carpa tomando ar). Tentamos o Planetario, mas já estava fechado quando chegamos, no fim da tarde. De lá, seguimos a dica da Jordi e fomos ao Hipodromo de Palermo. Para isso, atravessamos um parque maravilhoso, com lago, roseiral, aluguel de bikes, muita gente patinando e descansando sob as árvores.

O Hipodromo é imenso, dá umas duas vezes o de São Paulo. Queríamos sentar para beber algo, ou assistir a uma corrida. Mas não rolou. Acabamos no cassino (na verdade, só de caça-níquel) e tomamos umas Quilmes chicas. O cassino é gigante e só tem idosos que não veem a luz do sol. Bizarro! Fora que se ficar muito tempo lá dentro é capaz de dar um ataque de epilepsia. Perdi 4 pesos no jogo (foto).

Voltamos de ônibus, o TO+ comprou umas empanadas para matar a fome até o jantar, que seria umas 21h. Descansamos e saímos. O restaurante, La Cabrera, fica em Palermo Viejo. O primeiro em que fomos estava lotado; o bom é que tem uma filial a meia quadra do anterior, muito cheio, mas com uma mesinha para nós. O lugar só tinha estrangeiro e pensamos se tratar de um típico "pega-turista". Ainda bem que nos enganamos. A carne - ojo de bife com roquefort e mil acompanhamentos - saiu por 59 pesos, deu e sobrou (eram 700g de carne).

A carne estava divina, macia, e os acompanhamentos também. Eram pequenas porções de tomate cereja, champignons temperados, funghi, ervilha ao molho, purê de batata e de maçã, maçã cozida, batata com maionese, azeitonas, palmito ao molho ranch, alhos confitados e outras delícias (a foto não ajuda, mas estava tudo divino!). O vinho até que ficou caro: 58 pesos um syrah Septima. Caro se comparado a outros restaurantes. Mas o jantar saiu 140 pesos, ou 70 reais, para dois. Com direito a faca especial para carne (na foto, a decoração do resto). De volta ao hostel, estava passando Adeus, Lenin na TV. Lindo!

10/09/2009

Buenos Aires - dia 4

25/agosto

15h40

Resolvemos fazer um passeio mais preguiçoso, afinal, andamos Buenos Aires inteira a pé ontem! Fomos à estação de trem do Retiro e pegamos um para o Barrio Mitre. Lá, pegamos o masterturístico Tren de la Costa (foto), que vai até o Rio Tigre. É um passeio bonito, o trem é confortável e a paisagem, um Alphaville porteño - mas que mescla com bairros pobres. Impressionante como um bairro é tão pobre e outro, atravessando a rua, é imponente. Paramos no Tigre e passeamos pelas redondezas. Comemos uma carne deliciosa em um restaurante muito simples, Benito, que fica na porta da estação do Tren de la Costa. Nunca tinha comido o "asado de tira", muito bom. Acho que é um corte diferente da costela. O Thomaz foi de milanesa, bem arrentino.

Para chegar ao Tigre, pode-se pegar outro trem na estação Retiro, que vai direto e custa 20 vezes menos, mas não é tão confortável e o caminho não deve ser bonito e com atrativos turísticos. Nos fins de semana, as estações do Tren de la Costa possuem feirinhas e uma movimentação maior, restaurantes, bares etc. Lá no Tigre, podíamos ter feito um passeio de barco que dura uma hora, no mínimo, mas estávamos preguiçosos. Parece que é muito bonito e custa uns 60 pesos (cuidado para não ser levado pela primeira oferta que aparecer, pode ser muito mais cara). (na foto, um cruzamento da linha Retiro-B.Mitre)


19h10

Voltamos para o centro porque terá show do Narcotango, de eletrotango, na antiga Harrods. A apresentação faz parte do Festival e Mundial de Tango que acontece até o dia 31 de agosto. Atravessamos a Plaza San Martín (na foto, manifestação dos vegans), passeamos pela Florida, tomamos café onde só tinha idoso e até comprei um casaco de lã muy belo! Saímos do burburinho da Florida e entramos num bar supermoderno na Calle San Martín, com música alta (que oscila entre hip hop e raggae), elevador para "discapacitados" e papel de parede vintage/cyber (que brilhou nos olhos do Thomaz). A "pinta" (pint) de Budweiser é 8 reais.

O banheiro, entre todos aqueles que fui na viagem, foi o primeiro a ser 100% aprovado. Limpo e bonito. Dos outros restaurantes e bares, eram feios e velhos, exceto das Galerías Pacífico. O banheiro daqui é tão bom que os clientes se sentem à vontade para satisfazerem seu apetite sexual. Hummm! Palmas de mãos marcadas na parede (com textura espelhada) e embalagem de camisinha no lixo. Hummmm! Aliás, 95% dos banheiros têm aquelas máquinas de vender camisinha. (na foto, a janela de vidro imensa da entrada do bar)