27/06/2008

pobre-burguesa-pobre

Ultimamente, ao contrário do que acontecia há alguns meses, não tenho tido tempo nem para respirar. Muito trabalho... quero guardar dinheiro. E fico pensando "para quê"? Não sei. É o velho hábito da classe pobre: guardar para usar quando faltar. Quem é rico não pensa que vai faltar dinheiro. Só pobre.

Enfim, o mais importante é que estou trabalhando. Produzindo. E reproduzindo uma idéia burguesa e cretina de que o trabalho dignifica o homem. É mentira! O trabalho cansa o homem, fisicamente, psicologicamente e sexualmente (quem trabalha demais não tem vigor...). Deixa as pessoas sem sono, mergulhadas em preocupações. Só burguês que quer se tornar nobre é que pensa assim.

Acho que estou um pouco confusa hoje.

13/06/2008

Desabrochar

Despertou. Mas não acordou. Os olhos, inchados, custavam a abrir totalmente. Estava com aquela preguiça preguiçosa das manhãs de domingo. Mas era segunda, dia em que não há espaço para sonhar. Mudou de idéia...

Agora, queria ficar mais próxima do mundo, da correria, do pulsar da cidade. Talvez fosse a hora de deixar a segurança das quatro paredes e dos pés da cama que a fixavam ao chão. Era hora de se levantar para o mundo.

Queria mais e mais. Queria não depender, queria escolher, queria por asas em sua imaginação. Queria que todo dia fosse aquela segunda-feira. Queria que todas as horas fossem dias de sol, ou tardes de chuva.

Sentou-se na cama. Molhou a garganta com água fresca. Sorriu timidamente. Calçou os chinelos e saltou energicamente do colchão, que a abrigara nas últimas confortáveis horas do fim de semana.

Abriu a janela e, com a luz emoldurando as belas curvas de sua face, enxergou à frente uma passarela sem fim, que a levaria onde quisesse chegar.

Despertou do sono de menina. Acordou mulher.

12/06/2008

Casas da Banha

O meu trabalho é divertido. Fico sabendo da existência de umas coisas engraçadíssimas, como a "Casas da Banha", uma das maiores redes de varejo do Brasil da década de 70 até o fim dos anos 90.

Depois de ser uma das maiores redes de supermercados do Brasil, com mais de 8 mil empregados, 230 lojas e faturamento anual de US$ 700 milhões, a Casas da Banha teve sua falência decretada em 1999. A empresa ficou famosa por ter patrocinado durante vários anos o comunicador Chacrinha.

05/06/2008

A ansiedade, o telefonema e o guarda-chuva

Tem dias que começam super bem. Parece que tudo vai dar certo e há apostas para isso. A confiança é grande, o estado de espírito é ótimo e a companhia, agradabilíssima. Foi assim que começou o dia dela. Apesar do frio e da garôa fina.

Mas, como ela bem sabe, nem um radicalismo acaba bem. Confiar demais, amar demais e ficar muito feliz, todos essas sensações podem ter um fim trágico. E foi o que aconteceu. Lá pelo meio da tarde, começou a ficar ansiosa. O telefone não tocava e ela aguardava uma resposta decisiva - achava, obviamente, que tudo ia terminar bem. Achava. Estava confiante.

Demorou algumas horas e, então, o telefone tocou. Já não sentia ansiedade, preparava-se para o pior. Mas a esperança... Estava dentro no ônibus, levantando-se para descer, cheia de coisas penduradas pelos braços. Não sabia se ficava feliz ou triste com o toque - sentia que a resposta não ia agradar. Ao menos, mataria sua curiosidade.

O diálogo no telefone nem foi tanto um diálogo. Do outro lado da linha, a pessoa se justificando. Do lado de cá, ela só no "Ahã, eu entendo. Tudo bem. Muito obrigada...".

Pulou do ônibus como um tiro. A passos largos e apressados, chegou em casa. Subiu as escadas e começou a chorar. Decepção, tristeza, desabafo. Aquele choro era melancólico e, sim!, um desabafo. Tirou toda a ansiedade do peito com os primeiros murmúrios. Depois, deixou que as lágrimas lavassem o rosto. Sentiu-se desolada.

Passou um tempo, algumas horas. E ela se animou. "Paciência, da próxima vez eu não aposto tanto assim", pensou, longe de ser Pollyana, apenas tentando ultrapassar mais um obstáculo. Pequeno ou grande, era ela quem definia seu peso e seu tamanho.

Saiu de casa. Foi para uma festa. Encontrou pessoas queridas, amigos do peito e colegas que há muito não via. Recebeu um telefonema, mas não atendeu. Retornou a ligação, mas não consegui falar. Tentou outra e outra e outra vez. Passou muitos minutos ligando. Nada. Ficou preocupada. "Melhor ir embora e ver o que aconteceu." Foi, acompanhada de uma amiga.

Num local meio escuro e afastado da rua, foram abordadas por um homem de mochila. "Isso é um assalto. Fiquem bem quietas, não gritem. Passem o celular e a carteira." "Hã? Como assim? Não vamos passar nada", responderam as duas. "Estou armado", disse o homem, colocando a mão no bolso da calça. "É um guarda-chuva? É um guarda-chuva. ahahahha, como assim, armado?", disseram em coro. O homem foi embora. E disse que não deveriam segui-lo.

Cada uma em seu carro, o susto começou a tomar forma, cor e textura. Seu corpo balançava, suava frio, o celular na mão direita, enquanto trocava as marchas de posição. Sentiu um frio na espinha, um medo de nada, mas um medo latente. Um descontrole controlado, um medo do susto e da preocupação. Queria chegar logo ao destino combinado.

Chegou. Cansada, preocupada, assustada, neurótica. Aquela noite ia acabar mal, pior ainda. E lembrou-se: o dia começou tão bem... "É assim. Não tem como ficar sempre bem. Ou é o equilíbrio por ele mesmo, ou pelo contra-balanço de dois lado opostos, de instabilidades extremas." O dia seguinte seria melhor. Ou não.

03/06/2008

Reflexos da alma

Estou devagar esses dias, em dívida com o blog. Muitas mudanças ao mesmo tempo me deixaram sem tempo para escrever. Os momentos ociosos estão mais escassos: para o bem e para o mal. Fico sonhando, imaginando, conjecturando sobre minha vida daqui uns meses e enxergo algo realmente bonito e sereno. Aquela paz gostosa, que não é nem de longe tediosa. Muito pelo contrário: é a paz que se sente quando se está feliz e em busca de mudanças positivas. Porque elas não podem cessar.

É um contra-senso eu pensar isso num dia de frio. Um frio de rachar. Mas o sol parece iluminar meus pensamentos e minha alma. Sigo bem, sigo feliz, sigo até um pouco mais leve. Ou meus ombros é que ficaram mais fortes...