07/08/2010

Patacho - dia 3

03/abril

Acordamos às 8h50. Pedimos misto quente com queijo coalho (luxo em SP, ordinário, aqui), frutas e suco e saímos em caminhada, longa caminhada. Decidimos que iríamos até Porto da Rua, em São Miguel dos Milagres (cidade vizinha). Até o Tiago, da pousada, achou muito longe irmos e voltarmos a pé. Mas a gente é forte e aguenta tudo. Vamo que vamo...

A paisagem é linda, o mar tem várias tonalidades de verde e, em alguns lugares, as piscinas são límpidas (a maré contribui para o mar ficar mais ou menos agitado). Quase ninguém pelo caminho, encontramos até um casal enamorado demais na praia... Caminhamos cerca de 2h30 até chegarmos ao Rio Tatuamunha. Para atravessá-lo, com a mochila na cabeça, tivemos que enfrentar uma puta correnteza. Enfim, passamos. Logo depois do rio, outra surpresa: havia um banco de areia que era um verdadeiro berçário de caranguejos ou siris... não soubemos classificar. Tinha bicho de tudo quanto é tamanho, dos menores possíveis. Dava até dó de pisar no chão com medo de machucar algum recém-nascido. Mas parece que as pessoas de lá não ligam muito pra isso. Tinha uma manezão jogando frescobol em cima do berçário! Quantos caranguejos ele não matou em uma tarde?

Logo estávamos em Porto da Rua (na foto, logo depois que conseguimos atravessar o rio). Ali, os barcos pareciam encalhados na praia. E estavam, por causa da maré baixa. Se eles não saem para passeio de manhã, só no fim da tarde, quando a maré subir. Paramos no Restaurante do Elídio, sugestão da Carla do peixe-boi, e tomamos dois cocos deliciosamente doces e gelados. É outra coisa tomar água de coco onde eles nascem... a melhor, ever. Depois de duas caipirinhas cada um, a R$ 3 cada, pedimos casquinha de siri (R$ 4), polvo ao coco com farofa (R$ 20, uma entrada) e porção de pirão (R$ 4). O pirão é diferente, acho que feito com farinha de tapioca, com mais 'sustância'. O polvo, delicioso, fez provar que o Thomaz gosta desse molusco - e ele não gosta de frutos do mar, só peixe e lula. Comemos e tudo ficou R$ 48.

Infelizmente, resolvemos voltar a pé. A maré já tinha subido e o rio estava intransponível para quem carrega mochila. Tivemos que fazer metade do percurso pela estrada e, acredite, não é a coisa mais legal do mundo tomar sol na cabeça sobre o asfalto. O vento da beira-mar nem deu sinal de vida. Fiquei muito irritada, de cansaço, calor, dor nos pés... No fim de nossa jornada pela estrada, passamos por um mangue (é, na beira da estrada) e me diverti com os caranguejinhos entrando em suas tocas. Incrível, porque há tocas a 30 cm do asfalto!

Passamos numa mercearia onde seis mulheres tagarelavam alto para comprar água e cerveja (mais baratas, é claro, do que na pousada). Entramos no acesso à Praia da Lage e finalmente encontramos o mar. Andamos mais ou menos uma hora e chegamos à pousada, às 17h30. No total, foram quase seis horas de caminhada. Voltamos podres!! Tomamos uma ducha merecida e ficamos tomando vento. Estamos na varanda do quarto onde o sapinho normalmente ficaria. Mas ele não está. Acho que o assustamos.

Mais tarde, comemos salada com molho de mostarda (eu) e sopa de peixe (TO+), que estava deliciosa - a melhor de todas as sopas que provamos aqui. Pegamos um filme (Mutum) e combinamos o transfer com o Christian. Sairemos amanhã à meia-noite.


(Caminha, desgraçada! Nessa hora, passamos por um assentamento de camponeses sem-terra)

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