07/08/2010

Patacho - dia 2

02/abril

Acordamos às 9h30. É incrível como aqui se dorme bem. Eu comi queijo coalho na chapa de café da manhã, além de fruta e iogurte. O Thomaz pediu omelete. Não tiramos foto do café, mas é tudo muito bem feito, delicioso e preparado na hora. O café foi reforçado porque nossa próxima atividade iria demandar muita energia: 20 km de pedalada!!! Pegamos duas das bicicletas disponíveis na pousada e fomos conhecer os vilarejos. O centrinho de Porto de Pedras não é muito bonito, mas tem umas pracinhas charmosas. é tudo muito simples e as casas ficam na beira da estrada, como se esta fosse uma rua mesmo. Isso se repete em toda a estrada. A maioria das casas é de pau-a-pique e muitas foram rebocadas. Há, também, algumas casinhas de palha perto da praia. A estrada não é à beira-mar. Ainda bem, porque senão os turistas estragariam tudo. Você precisa entrar de 600 metros a 3 km para chegar até o mar.

Vimos alguns restaurantes em Porto de Pedras e a balsa, e voltamos em direção à Praia da Lage. Ao lado fica o Rio Tatuamunha, onde moram simpáticos peixes-boi. Fomos fazer o passeio para conhecê-los. Para chegar de bike até o rio, é preciso atravessar 3 km de estrada de areia, um porre! Mas chegamos. R$ 30 reais por pessoa para ver o bicho num passeio que dura 40 minutos. Achamos caro, mas depois vimos que os guias precisam ser cadastrados pelo Ibama para fazer o trabalho e são todos ribeirinhos, da comunidade. Com a introdução do peixe-boi no rio (eles são readaptados ao ambiente natural ali, antes de ganharem liberdade), proibiram as atividades que geravam a renda dos locais, como a pesca.

O primeiro e único peixe-boi que vimos foi o Arani, macho, de sete anos, 270 kg e uns dois metros de comprimento. Foi o que disse a Carla, nossa simpática guia. Subindo o rio, que desemboca no mar, há um espaço cercado para adaptação, ao meio natural, de bichos abandonados e/ou encalhados em praias. O peixe-boi marinho é herbívoro, tem unhas nas nadadeiras, que mais parecem patinhas de elefante, só bebe água doce e sobrevive até seis dias em água salgada, perto da foz do rio onde mora.

Arani foi trazido ali há pouco tempo porque se machucou. Ninguém sabe se foram as raízes do mangue ou alguma maldade humana. Curado e solto, ele se apaixonou pela nossa jangada. Abraçava o barco (foto de cima), ficava sob ela, fazia graça e não saía de perto - tanto que a guia ficou com medo de levar multa do Ibama. "Eles podem dizer que estávamos perseguindo o animal." Não estávamos. É proibido alimentar, tocar e sair atrás do bicho. Mas o Arani gostou mesmo da gente. Quer dizer, do barco. Na falta de fêmeas para cruzar, os machos usam o casco da jangada para se excitar, virando a barriga para cima. Arani safado! E nós pensando que éramos especiais...

No rio também vimos caranguejos, habitantes do mangue vermelho (que tem as raízes aéreas).

Saimos de lá e enfrentamos a areia novamente. Depois, a estrada cheia de coqueiros. Eu estava louca por uma água de coco, mas, apesar de ter plantação em massa de coco por aqui, poucos são os lugares que vendem a água da fruta. Paramos para o Thomaz pegar dinheiro na pousada e voltamos para a vila de Porto de Pedras para comer. Fomos à Peixada da Marinete e comemos lagostim com macaxeira frita, super deliciosa e em quantidade colossal. O lagostim estava médio, esperava mais dele. Não estava limpo e com um gosto esquisito, nada suave como costuma ser... O prato com seis lagostins médios mais a mandioca custou R$ 30. E R$ 4 a jarra do mais delicioso suco de manga que já tomei. O prato sobrou e o almoço saiu por R$ 38.

Voltamos de bike (minha bunda doía horrores!) para a pousada e o Thomaz foi ler no deck. Eu estava com sono, fui tomar banho e dormir.

Aqui anoitece cedo, às 18h (pelo menos em abril). E venta muito à noite, o que dá uma aliviada no calor e deixa o mar bem mexido. À noite também chove, mas é super-rápido. Depois da soneca, fomos pegar um filme e pedir nosso prato do jantar. Aqui tem que ser assim porque a cozinha faz tudo na hora (não tem o mesmo movimento de um restaurante normal, em que tudo fica meio pré-preparado). Pegamos o filme chinês Lanternas vermelhas. Antes de chegarmos ao quarto, nosso sapinho amigo estava no mesmo lugar de ontem. O filme é muito bom, assistimos até a metade e fomos jantar. Ao sair, encontramos nosso amigo sapo com uma visita. Será uma namoradinha?

O Thomaz comeu sopa de cenoura com laranja, adocicada e muito boa. Eu fui de gazpacho, gelado e picante. Na volta, o sapinho estava sozinho. Terminamos de ver o filme e dormimos.


(Nosso "amigo" Arani. Sabe o que descobrimos? Os caçadores de peixe-boi aproveitam que é um bicho dócil e esperam que ele se aproxime da embarcação para respirar. Quando isso acontece, enfiam uma rolha (!?!!?!?) no nariz do pobre para 'sedá-lo' e, então, matá-lo. Quase chorei de tristeza)

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