
(flor sem flor)
Eu estava em outro pique nessa viagem. Não comprei alfajores Havanna, não comi parrillada nem ojo de bife ou chorizo. Só tomei vinho, bastante, e cerveja de 1 litro, idem. Fiquei na casa das fofas da Gabi e da Vicky, numa avenida gostosa da Villa Crespo. Queria me sentir em casa, sem as paranoias de turista, muito menos a sua pressa e ânsia de conhecer tudo.


(alguém vê o palco aí?)
Saímos de lá e fomos ao Museo Nacional de Bellas Artes, atrás do cemitério da Recoleta. Eu não conhecia, gostei muito. Nosso guia foi Nico, um amigo das meninas peronista até o último fio de pelo do corpo. Um cara muito inteligente, sabe tudo da história de seu país, divertido e que, a cada 20 minutos, soltava um Perón, para não perder o costume... ahahah
Fomos ver a exposição de Antonio Berni, artista famoso que nasceu no início do século XX e morreu no fim do emsmo siglo. Ignorante da arte argentina, eu não o conhecia. Sua obra gira em torno de uma mesma temática, e não de uma técnica. É o conflito de classes, a desigualdade social, a enxurrada capitalista do consumo, os exageros e as faltas é que chamam sua atenção. Muito bacana. Mas cada quadro tem uma linha, um traço, uma técnica - o que é muito curioso. Olhando para as telas, vê-se Frida Kahlo, Portinari, desenhos naïfs e, vá lá, até Toulouse Lautrec ou a pop art. Além da temática, o que persiste em todos os quadros é a tristeza no olho de suas personagens. Olhares baixos, longe, de desalento.

(eu e a Gabi em frente à Faculdade de Direito e da flor, que se abre pela manhã e fecha no por-do-sol)
Demos uma volta no museu, para ver a exposição permanente, e saímos em direção a um bar não muito caro - porque a Recoleta é alto nível. O sol era uma bola laranja no horizonte, na direção contrária à que nascia a lua. Andamos um pouco para chegar ao La Milanesa, na Avenida Las Heras. O bar é bem bonitinho, pensamos que fosse caro. Para a nossa surpresa, Quilmes de 1 litro por 16 pesos, 8 reais. Baratíssimo. Além de tomarmos várias, pedimos uma batata para petiscar. Era gratinada com molho de queijo e cebolla de verdeo, uma espécie de broto de uma cebola roxa em formato de alho poró. Delícia.
Bebemos todas e fomos para casa. As meninas moram em um apê fofo, pertinho do Parque Centenário. Antes de subir, passamos no chino (gosto cada vez mais dos chinos) para comprar vinho, massa e outras cosas para o jantar. Comemos, bebemos vinho e a Vicky saiu para o aniversário de uma amiga. Ia rolar um esquenta na casa dela e depois cerca de 20 amigos embarcariam no 'trenzito de la alegria'. Sério. É um trezinho mesmo, desses parecidos com bonde, mas a motor, que circula pelas ruas de Palermo. O povo se embebeda dentro do trenzito e fica berrando e mexendo com os transeuntes. Meio bizarro, mas parece ser divertido (se você não estiver sóbrio, é claro). Resolvi dormir antes de sair, e quem disse que consegui acordar? Barriga cheia e fígado atarefado combinam com cama. E só acordei de madrugada, deitada de calça jeans, blusa e sutiã, espirrando, atrás de um antigripal. Tomei e voltei a dormir. Lindo dia!

(sol laranja. rico!)