11/11/2010

Preguiça mental

Estou passando por um momento de preguiça mental. Não consigo ser criativa, não consigo prestar atenção, por isso, nem ter concentração. Li, há alguns dias, parte do meu TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, da faculdade. É um perfil do artista plástico Newton Mesquita. Fiquei feliz em ter feito alguma coisa decente no passado, mas muito mais infeliz em não fazer mais algo tão dedicado. Assim, qualquer produção se torna medíocre.

Demorei uns dois anos e meio para decidir qual seria o tema do meu TCC. Isso atrasou minha formatura, obviamente, em dois anos e meio. Foi uma decisão árdua, já que não queria terminar a faculdade com um trabalho meia boca. E decidi. Foram meses de visita à casa dele, de entrevistas com muitos que fizeram parte de sua vida... E mais um mês, "férias", para escrever. Eu queria tanto ter tempo para fazer tudo isso de novo! Não que o TCC não tenha defeitos, mas foi feito com muito suor e com toda a minha alma.

Entrar na vida das pessoas é muito complicado, mas muito bonito. Não gosto do jornalismo que se apodera de instantes da vida sagrada de pessoas e depois sai sem dizer tchau. Gosto do que faz sentido também para a pessoa, do que a faz se sentir orgulhosa em participar do seu trabalho. Tem gente que fala que jornalista é urubu, que gosta de sangue e morte. Mas, às vezes, eu acho que está mais para sangue-suga. Você vai lá, invade a privacidade dos outros, faz seu trabalho, ganha seu dinheiro, e vai embora.

Não. Quero que a pessoa se sinta parte realmente importante do meu trabalho, como espero que Newton sinta. Não quero invadir, quero me sentir valiosa para que a pessoa fale o que quer, não o que sinta num momento de fragilidade, tristeza ou sofrimento.

Fazer perfis será uma solução? Dedicar-me a eles com devoção será a que realmente presto nessa vida? Não sei. Mas queria tentar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante.
Há pouco mais de uma semana estive em uma cidadezinha do Rio Grande do Norte. Lá, entrei em contato com crianças que vivem em condições sócio-econômicas precárias, e isso mexeu comigo. Tanto, que pensei em de repente voltar lá em breve para coletar material pra um possível-futuro-documentário. Mas então pensei basicamente o mesmo: "Seria um ato 'sangue-suga' da minha parte?".
Poderia ser. Mas acho que o envolvimento (inevitável) com as pessoas de lá quebraria esse "gelo-jornalístico". Sem contar que, o meu intuito inicial não foi ganhar dinheiro com isso (pode ser que no futuro seja), mas sim tentar ajudá-las de alguma forma, não sei.
Ah, não me apresentei: me chamo Stephanie, encontrei seu blog fuçando em outros blogs e adicionei aos meus favoritos pra acompanhar suas postagens. Por enquanto tem me agradado, rs.
;*