09/09/2010

Feria de Mataderos - Buenos Aires


(ovejaaaaasssss)

Dando continuidade à minha curta viagem no fim de agosto para Buenos Aires...

Mataderos não é um bairro muito amigável. Fica no extremo norte de Buenos Aires, ao lado de Ezeiza, cidade onde está o aeroporto internacional que leva o mesmo nome. A perifa da "cidade mais europeia da América Latina" não tem nada do glamour do centro. Perifa é sempre Perifa. Pegamos o 141 rumo à Feria de Mataderos e, logo no início, o motorista nos disse que nos deixaria num ponto e que teríamos que pegar outro ônibus para chegar até lá. E que não era para irmos a pé. Fomos saindo do centro e a cidade foi ficando cada vez mais interiorana, mais simples, mais pobre. Muito movimento e, depois, quase ninguém na rua. Era quase 1 da tarde de um domingo. O motorista nos deixou no ponto e nos fez prometer que não iríamos a pé. Tá bom, não fomos. Esperamos o 80 (linha que ele havia indicado) e ele não chegava. Em menos de 10 minutos, dois carros pararam para falar conosco. Melhor pegar um táxi.


(A Gabi ficou brother do minicavalo e da minillama)

O único que passou por nós logo nos perguntou: "Vocês sabem onde estão? Já vieram aqui?" Enfim, não. Uma quadra adiante começava uma favela imensa, a maior de Buenos Aires, segundo o motorista, uma "villa" (pronuncia-se vixa) - me disseram aqui nos comentários que é a Villa 15, conhecida como Ciudad Oculta. O motorista disse que era arriscadíssimo ficarmos ali, no ponto, sozinhas. Por isso o ônibus nos deixou ali, antes da "villa". Não que eu tenha medo de passar na frente de uma, mas não tínhamos pensado que isso aconteceria, e não havíamos escolhido a roupa mais sussa para tal. Estava na cara que não éramos dali, mas tudo bem - pegamos o táxi e fomos. O taxista nos disse para sairmos pelo outro lado da feira, menos perigoso e com mais linhas de ônibus para o centro. Descobrimos que o 92 para ali também - e nos deixou a uma quadra de casa.


(alfajores diferentes)

A feira é o máximo. A Gabi queria visitá-la há muito tempo, mas ninguém queria ir com ela. Essa fama de perigosa é real mesmo, mas jamais afetou nossa vontade, mesmo porque não passamos medo real algum. Eu também queria ter visitado da outra vez que estive em Buenos Aires, mas era tão longe...


(tamales)

Lá tem gente de tudo quanto é tipo: branco, índio, pobre, não-pobre, turista (poucos, os mais descolados), muitos idosos, adultos e jovens. Comemorava-se o Dia Internacional do Folclore (22 de agosto). No palco, várias atrações regionais, e nada de tango. Quem manda ali é a cultura criolla, do campo. Também tinha um minicavalo e uma llama em miniatura para levar crianças para passear, no meio da galera. Para comer, parrillada, choripan (pão com linguiça), tamales, locro e um sem fim de doces fritos ou assados, além, é claro, das empanadas. Há muita coisa de lã e couro na feira, e muitos artesanatos bonitos. As comidinhas artesanais também nos fizeram perder bastante tempo: milhares de tipos de queijos, salames, mel, compotas doces e salgadas, licores, chocolates, doces regionais (descobri que há vários tipos de alfajores), doce de leite, vinhos, azeites! É tudo artesanal e bonito; tem bastante produto de Mendoza e Jujuy - duas províncias do país.


(Pachamama)

Depois de horas de caminhada, sentamos em um restaurante bem simples, instalado em uma construção antiga. A feira fica em frente desse casarão lindo, que parece a casa da fazenda de uma antiga fazenda. A Gabi pediu locro, uma espécie de feijoada mais suave, com feijão branco, canjica e grãos de milho gigante, com tempero leve e carne vermelha com algum osso. Chegamos à conclusão de que a feijoada realmente não tem nada de original: puchero e cassoulet já existiam antes dela. Talvez o locro - a versão latina dos Andes - tenha sido contemporâneo. Eu pedi tamales, uma pamonha enrolada na folha do milho, mas com massa mais parecida com a polenta e recheada de carne. Com o molho chimichurri fica uma delícia! E Quilmes. Siempre. Compramos uns cubanitos de sobremesa, em uma barraca. Uns tubetes gigantes recheados de doce de leite. Delícia! Vimos parte do show (lotado) de um senhor índio simpático que cantava à Pachamama (não lembro o nome dele e perdi o link do evento, dãr).


(cubanitos)


(quesos)


(eu e a placa)

5 comentários:

Schliptz disse...

Hummmm!!! Tudo parece excelente. Seriam precisos quantos dias para provar de tudo um pouco? Que delícia! Fora que conhecer uma cultura mais original, não transformada para turistas (como o Tango) parece também genial.

Ricardo Neves disse...

Só a título de curiosidade:
a favela em questão não é a Fuerte Apache, e sim a Villa 15, mas conhecida como Ciudad Oculta.

lau disse...

Obrigada, Ricardo! Já arrumei!
bj

Samuel disse...

Buenos Aires é linda, assim como a redatora deste blog.

lau disse...

Obrigada pelo elogio, Samuel!! Começo o meu dia bem :)