18/09/2010

Chuvas, homens e equilíbrio

Se o tempo ousa ser esquizofrênico - num dia faz calor de verão, no outro venta, chuvisca e o frio é de arrepiar o pelo mais escondido do corpo -, por que, então, exigir que os homens sejam coerentes e equilibrados? Se a grande, e sábia, mãe natureza tem permissão para agir como um demente na ala mais perigosa do hospital psiquiátrico, por que nós, pobres coitados, formiguinhas diante do cosmos infinito, devemos nos comportar como um exército disciplinado?

Alguns dirão que o que separa a nuvem de chuva, ou uma massa de ar quente, do homem é o fato de sermos um organismo mais complexo. E, mais além, o que nos diferencia dos animais pimpolhos que se acasalam em qualquer lugar, sem nenhum pudor, é a racionalidade e, mais ainda, a escolha.

Ok, ok, mas eu quero ir além. A desestabilidade, e a incoerência, do ser humano o leva a criar, a investigar, a tentar voar, a construir, a se aventurar e, também, a fazer muita cagada. Se todos seguissem uma mesma linha ideológica, falássemos a mesma língua, fossemos todos especializados no mesmo assunto, então talvez eu nem estivesse escrevendo essas bobagens aqui. Porque não existiria o computador, e talvez nem eu existisse.

What I'm trying to say is: seres humanos equilibrados não fazem evolução, não são charmosos e não exprimem paixão. Assim como à natureza, o desequilíbrio é inerente ao ser humano. Os equilibrados são importantes para puxar os desequilibrados para o chão. Mas não são eles que levam à transformação.

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