08/08/2009

Especial dia dos pais

De uma jornalista que não quis se identificar. O que o Dia dos Pais significa para ela?


"Eu nasci em julho. Mas fui registrada em 8 de setembro. Minha mãe morava em São Paulo e, meu pai, no interior. Eles namoraram, foram, voltaram e terminaram definitivamente. Depois, minha mãe descobriu que estava grávida. E não contou para ele. Eu nasci e, com a pressão da família, ela decidiu contar. Mas não por telefone, por carta. Quando ele soube, correu para a capital e eu fui registrada.

Quando eu ainda era criança, voltamos para o interior. Ele nunca aparecia, nem nos aniversários, nem nunca. Eu ficava pronta esperando a visita e ele dava o cano. Minha mãe não queria que eu nutrisse raiva, então dava desculpas, mil desculpas. Certa vez ele me deu uma boneca de aniversário. Eu a deixei de lado e fui brincar com outra coisa. Até hoje minha tia se lembra disso com orgulho. Os presentes do Dia dos Pais que fazia na escola eram sempre nomeadas a ela, o que causava certa apreensão nas professoras.

O tempo passou e ele nunca se aproximou, nem mesmo ajudou com os gastos - eu estudava em colégio particular e fazia todas as aulas que uma criaça poderia fazer: de ballet a karatê, passando por natação, coral, flauta... Minha mãe era tudo para mim: além de inteligente e culta, esclarecida e batalhadora.

Ela morreu quando eu tinha 22 anos. Nessa época, meu pai resolveu ajudar e me deu uma grana para eu comprar um apartamento. Uma ajuda, apenas, porque ela tinha feito um seguro de vida (embora nunca tenha conseguido comprar a sonhada "casa própria"). Ele nunca foi de luxos, mas sempre viveu bem. A gente (eu e minha mãe) sempre teve uma vida econômica, e com algumas dívidas. Uma, aliás, que eu tive que pagar quando ela se foi. Depois da compra do apê, e isso já vai fazer sete anos, ele me ajudou outra vez. E depois passou a me ignorar: não atendia o telefone, não retornava, mesmo quando eu ia visitá-lo (e ele nunca estava).

Decidi que ele nunca fez e nunca fará parte da minha. É triste, mas uma decisão realista. Sinto falta de alguém para me dar colo e conselhos, mas acho que consigo ter muito do que ele não me deu por meio da minha família, amigos e namorado. A relação que eu tinha com minha mãe jamais terei com qualquer pessoa. Éramos próximas, amigas, mas com todo o respeito que existe entre mãe e filha - e vice-versa. Minha mãe foi extraordinária até onde pode. Meu pai, inexistente. Isso deixará sequelas para sempre, por mais que eu tente afastá-las.
"

Um comentário:

Chi Qo disse...

Parece a história de uma certa amiga minha!
:)

E de também lembra a vida da sobrinha de minha esposa, cujo pai nem ao menos paga pensão graças à incompetência da advogada que pediu um valor "alto demais"...

Um Beijo e que quando você for mãe, acho que será a amigona de sua filha ou filho!