16/01/2009

Macacada

Mais uma vez, vou transcrever aqui um email de uma pessoa que estudou comigo. O Iacanga era um caipira que sentia "um vento na canela" quando ia chover. Ele também falava que a arte de Joseph Boyes era como "rachar uma ripa" e expor na galeria. Por vezes de extrema direita, por outras, extremamente libertário, Iacanga sempre nos intrigou. Depois da faculdade, voltou para Bauru, perto de sua cidade natal – obviamente, Iacanga. De lá pra cá, fica tempos sem escrever para o grupo, mas sempre que escreve manda pérolas. Não à toa, os comentário são sempre "este é o melhor email que já li". Iacanga está se superando. Dessa vez, fez uma reflexão sobre uma matéria que chega a ser medíocre perto de como ele escreve. É sobre uma dupla de macacos gigantes que estariam atacando pessoas em Mauá, no ABC paulista. Mas isso pouco importa.

Segue o texto, por Rodrigo Ferrari.

Eu acho essa história mais verdadeira do que 90% daquilo que a Folha e o Estadão publicam nas páginas de economia e política.

Havia uma espécie de caça-fantasma aqui em Bauru que se chamava Doutor Hernani. Ele era espírita e vivia pesquisando supostos poltergeists. Ele estudou um caso em Suzano, nos anos 70, em que uma família de evangélicos era atacada por um macaco gigante, semelhante ao descrito pelas crianças da reportagem. O animal misterioso foi vencido em um ritual de exorcismo em que o pai da família cravou uma espada de fogo no coração da fera maligna.

Essa história me lembrou um outro caso envolvendo animais, ocorrido em Bauru, nos anos 90. No zoológico municipal há dois chimpanzés, sendo que o maior é cheio de fazer estripulias e micagens para o público. Ele era um animal de circo que acabou sendo recolhido pelo zôo quando seu patrão se aposentou.

Certo dia ele escapou, e foi aquele desespero entre biólogos e tratadores. Não sei se todos sabem, mas um chimpanzé é mais forte do que quatro homens adultos juntos. O pior é que há uma mata enorme ao lado do zôo. Seria foda reecontrá-lo. Os biólogos procuraram as emissoras de TV e de rádio para alertar a população sobre os riscos que o animal representava. Deixaram também um telefone para que as pessoas pudessem entrar em contato caso avistassem o bicho. Isso foi pela manhã. A situação era muito grave pois, naquela época, não era tão fácil importar medicamentos como hoje, e o zôo não dispunha de tranquilizantes em seu estoque para recapturar o macaco.

À tarde, uma pessoa telefonou para o zoológico e disse. "Alô, aqui é fulano, morador do Santa Teresinha (um bairro das imediações), estou ligando pra fazer uma reclamação... Tem um macaco aqui no meu bar. Ele está acabando com todo meu estoque de pinga!"

O diretor do zôo, ao ser informado, ficou irado e apanhou o telefone: "O senhor não tem mais o que fazer? Esse caso é sério... Tem vidas de pessoas em risco."

Aí o cara respondeu: "Tô falando sério... tem um macaco bebendo toda a pinga do meu bar!"

O diretor sacou, então, que não era trote e disse pro cara para não mexer com o macaco e deixar que ele continuasse manguaçando. Quando os pessoal chegou ao bar, deram de cara com o macaco sentado no balcão, completamente mamado. Até babando ele estava.

Naquele dia, eles descobriram que o dono do circo havia viciado o macaco em cachaça para convencê-lo a fazer os truques durante as apresentações. Talvez porque fosse um chimpanzé tímido, que precisasse buscar no álcool a coragem para se mostrar diante das pessoas.

Um comentário:

leo nishihata disse...

nem sei por que vim parar aqui, mas essa valeu a noite!