20/12/2007

Comoção

Primeiro, a mocinha entregou uma sacolinha cheia de presentes para o rapaz ao seu lado. Depois, para uma colega que senta atrás. Então, todos ao seu redor começaram a receber a tal sacolinha, cheio de brindes cheirosos, de mulherzinha mesmo. Eram tantas sacolinhas que a primeira mocinha precisou da ajuda de uma segunda mocinha para finalizar as entregas. E ela foi a única que não ganhou. Sentiu-se uma criança que não ganha presente do Papai Noel, quando todos os seu amiguinhos estão ansiosos, rasgando o embrulho de seus pacotes fervorosamente - e os olhinhos brilhando. Mas o Papai Noel não trouxe.

"Eu pensei que todo mundo / Fosse filho de Papai Noel / Bem assim, felicidade Eu pensei que fosse uma / brincadeira de papel / Já faz tempo que pedi / Mas o meu Papai Noel não vem / Com certeza já morreu / Ou, então, felicidade é brinquedo que não tem"

Ela ficou quieta. Não tinha o que fazer. Não tinha sacolinha para ela. Não tinha brinde cheiroso, nenhum sabonetinho, nenhum creminho, nenhum batom. Era um estranho no ninho, quieta dentro de seu buraquinho. Com resignação, voltou-se para o computador e tentou não pensar mais nisso.

Mas eis que o rapaz do seu lado, num gesto de carinho e consideração, resolveu doar um presentinho, um batom. Ela, agora, estava feliz. Feliz porque não era mais estranha. Não tinha sacolinha inteira, mas cercava-se de pessoas prestativas. Saiu da mesa e demorou a voltar. Quando chegou, lá estavam mais dois presentinhos. Ali, ao lado do batom. Comoveu-se. Aquilo sim era um presente de Natal! E não uma sacolinha, igual a que todos ganharam.

Um comentário:

Unknown disse...

preferia ganhar meias.